Ao quinto disco os TV On The Radio souberam encontrar perfeitamente o seu espaço no meio de tantas bandas que se vão perdendo no tom ao longo do caminho. Seeds não fica atrás dos melhores momentos da banda, como Dear Science (2008) ou Return to Cookie Mountain (2006). E se o disco de 2011, Nine Types of Light, passou razoavelmente despercebido este Seeds é representativo daquilo que os TV On The Radio são capazes de fazer.
O disco, note-se, foi gravado pouco depois da morte prematura do baixista Geral Smith, o que confere ao álbum um registo de catarse, onde a energia transborda em cada faixa.
Logo a abrir temos «Quartz», uma profusão de palmas e coros com influência africana e a voz sempre característica de Tunde Adebimpe loops a marcar o ritmo e uns toques de electrónica. «Careful You» segue no mesmo registo, com partes cantadas em francês e um tom quase futurista. As guitarras só aparecem verdadeiramente à terceira faixa, «Could You». E o single, «Happy Idiot», já é despudoradamente rock.
As mudanças de registo entre os loops e o electrónico para um registo mais rock introduzem alguma inconsistência mas não retiram valor ao disco. Segue-se «Test Pilot», lento e onde se destaca a voz, com uma guitarrada a surgir volta e meia. Já «Love Stained» é provavelmente das faixas mais marcantes do disco.
Oscilando entre o rock e o electrónico repleto de loops os TV On The Radio vão-nos presenteando com canções como «Winter» ou «Lazerray», mais densas, com mais guitarras. Mas a maior surpresa vem, talvez, no piano seguido de crescendo em «Ride», um momento totalmente inesperado que vai crescendo ao longo da música. Já «Trouble» parece quase uma continuação de «Happy Idiot» mas passamos de «ignorance is bliss» para «don’t worry be happy oh you keep telling yourself», num tom introspectivo marcado, novamente, por loops.
Não é de estranhar, devido à recente morte de Smith, que o álbum acabe por ser um tributo, mais expresso nestas duas faixas, sobretudo em «Trouble». A fechar, «Seeds» dá um tom mais alegre, quase de renovação, deixando no ar uma sensação boa, de um disco completo e positivo – se não soubéssemos as circunstâncias não o adivinharíamos.