Um dia destes, o meu trabalho obrigou-me a estar em espera numa chamada para a Divisão de Ambiente, Serviços Urbanos e Equipamentos de uma Câmara Municipal deste país. Mal sabia que este viria a tornar-se num momento de inspiração. Tudo isto porque, enquanto aguardava em linha, era presenteada com uma versão polifónica de uma canção que me pareceu ser a versão musicada de Manuel Freire do poema “A Pedra Filosofal”, de Manuel Gedeão. Acho altamente improvável que o fosse, mas a semelhança deixou-me a refletir sobre o sonho.
O sonho que nos chega na versão escapista dos Suicide é dos mais belos que podemos viver. A canção marca o interlúdio entre o primeiro álbum, homónimo da banda, e o segundo, Alan Vega – Martin Rev, e foi lançada em formato single, com “Radiation” no lado B. Se a canção é um hino optimista, ou um choro de resignação, nunca perceberei, mas também não me interessa. O que importa, mesmo, é sonhar para sempre.