Se os Xutos dos primeiros discos tinham apenas uma atitude punk, os Censurados e os Peste & Sida eram punk português da cabeça aos pés. Meninos do bairro de Alvalade, põem em causa todos os valores da sua origem pequeno-burguesa, inclusive os da sua pretensa sofisticação intelectual. Na sua genial anti-eloquência, João Ribas dos Censurados cantava: “por isso não penses muito, pensar de mais faz mal, agarra numa guitarra e vem tocar com o pessoal, kaga na kultura em Portugal.” João Pedro Almendra, o tresloucado vocalista dos Peste & Sida, diz o mesmo em “Pensar Muito Faz Mal”. Ambas as bandas, como todo o punk, estiveram sempre divididas entre o puro niilismo destas canções (a linha dos Pistols e dos Ramones) e o empenhamento político e social de outras canções (a linha dos Clash e dos Dead Kennedys). São duas posições diametralmente opostas mas há um fio condutor a uni-las: a recusa da moralzinha hipócrita do establishment yuppie então em ascensão.
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