Bonnie ‘Prince’ Billy leva-nos a explorar terreno folk/country, e não sai mal na fotografia.
Fui consultar o dicionário e o mesmo, como o algodão, não engana:
“prolífico”
adjetivo
1.
figurado
que produz em grande quantidade; produtivo, fecundo.
“trabalho p.”
2.
que gera prole.
3.
Will Oldham
Apesar de seguir este senhor há já alguns anos, é praticamente impossível conhecer todo o seu trabalho. Fui portanto consultar a wikipedia, para aqui partilhar convosco que este é o 30º (trigésimo!!!) disco de Bonnie ‘Prince’ Billy. Sobre quantidade, estamos conversados.
Sobre qualidade, o que tenho a dizer é que nunca lhe ouvi um disco mau. Há uns que conquistam instantaneamente, outros que demoram, mas chegam lá, e ainda outros que sabem bem quando ouvimos, mas não ficam marcados na memória. Este The Purple Bird ainda estou a perceber onde irá calhar, só o tempo o dirá. O country, para onde Oldham se virou para chafurdar, não é de todo a minha praia, mas conseguem-se descobrir vários momentos claramente princepescos no disco.
Right is right, wrong is wrong
No matter what side you’re standing on
Can’t we all just get along?
Assim arranca “Turned to Dust (Rolling On)”, com um pedido de empatia, humanidade, num mundo que já viu melhores dias destes sentimentos. É uma melodia suave, que contrasta com letras que criticam a manipulação e a desinformação na sociedade atual. Em “Guns Are for Cowards”, Oldham lança farpas a mais um tema fraturante dos nossos tempos, a cultura das armas, provocando reflexões sobre violência e moralidade. Por sua vez, “Boise, Idaho” destaca-se por ser apaziguadora, com vocais de apoio de Brit Taylor e Adam Chaffins, criando uma sensação de brisa suave do sul dos Estados Unidos. Outra faixa notável do disco é “Downstream”, em colaboração com John Anderson, e que oferece uma reflexão poética sobre a vida e sonhos desfeitos, evocando imagens de um cenário pós-apocalíptico (“We live in the ruins of another life’s dream”).
Produzido por David “Ferg” Ferguson, conhecido pelo seu trabalho com Johnny Cash e John Prine, The Purple Bird foi gravado em Nashville, Tennessee, e conta com a participação de músicos experientes da cena local. A colaboração com Ferguson trouxe uma nova dimensão à música de Oldham, resultando em arranjos que misturam harmonias suaves, solos de guitarra elétrica e instrumentos como o fiddle e o pedal steel, para fazer voar este bonito pássaro púrpura, retratado numa bonita capa.
Para os fãs de longa data, The Purple Bird não será um disco definidor na carreira de Bonnie ‘Prince’ Billy, mas não desmerece em nada a mesma. A sua relevância continua intocada e será sempre um bom serão passado a ouvi-lo.