Será que podemos dizer que Big Thief é uma banda em transição? A saída de Max Oleartchik abriu um fosso e criou uma expectativa barulhenta de qual seria o caminho a seguir.
Há um substantivo sempre presente quando falamos em Big Thief: vulnerabilidade. Seja na voz de Adrianne Lenker, nas melodias arrastadas e melancólicas, ou nas letras lacónicas e despidas de pretensões. Nada disto muda com este sexto álbum, Double Infinity.
Gravado ao vivo num estúdio em Nova Iorque, o álbum conta com colaborações interessantes, como Laraaji em “Grandmother”, e escolhas sonoras que estranharíamos em outros tempos, como os loops sonoros no fim da “No Fear”. É como se, com a saída de um dos membros fundadores, a banda tivesse conseguido libertar-se (em partes iguais) dos medos e arriscar, na mesma medida em que mantém a sua sonoridade e identidade visceral, com a voz de Lenker a funcionar como ponto de referência. Apesar de ser um álbum equilibrado, há músicas que se destacam, como “Incomprehensible”, “Double Infinity”, “Los Angeles” (os risos no início são encantadores) e “Grandmother”.
Seria injusto esperar que este álbum fosse exactamente igual aos anteriores, não nos podemos esquecer que as bandas têm direito a procurar novos caminhos e novas sonoridades. É diferente dos outros álbuns? Sim. Peca por isso? Não cremos. Double Infinity representa bem a escolha (por vezes difícil) de deixar o passado para trás e seguir em frente, com os devidos medos.
Crescer não é fácil, mas os Big Thief persistem (e bem).