Carrier é o mais recente disco dos The Dodos que, volvidos 2 anos, nos voltam a embalar com 11 temas que celebram a vida e a dor da perda. Que antagonismo, não? Pois esta banda originária de São Francisco e formada pela dupla Logan Kroeber e Meric Long, sempre nos brindou com um indie-folk intimista, que, ao mesmo tempo que nos reconforta, também nos faz reflectir.
Este, que é já o seu 5º álbum, não se revela tão avassalador como o fortíssimo No Color (2011), que nos tocou profundamente, mas é um ternurento “lamber de feridas”, tão esperançoso quanto sofrido nas histórias que conta.
Em Fevereiro de 2012, o guitarrista das tournées da banda, Christopher Reimer, mais conhecido pelo seu trabalho com os Women, faleceu subitamente, vítima de problemas cardíacos. Esta perda acabou por influenciar severamente o tom deste álbum.
Alguns dos temas que reflectem esta dor e a temática da morte são por exemplo “Substance”, “Holidays” e “Death”, onde percebemos o impacto deste acontecimento nos elementos da banda.
Mas há também uma resolução de “seguir em frente” e, até certo ponto, uma celebração da vida, brutalmente visível em temas como Transformer, Confidence, Relief e Family, cujas letras e melodias são esmagadoramente belas, reconfortantes e com sabor a esperança.
Os momentos mais marcantes são, para mim, as malhas “Destroyer” e “The Ocean”, melodias sinceras e dramaticamente comoventes.
The Dodos são uma daquelas bandas que nos dão momentos contemplativos e nos oferecem sempre um som despido, autêntico. Com uma super original percussão, guitarras frenéticas e canções “para pensar na vida”, esta banda não deixa de primar pela singulariedade e sensibilidade no que faz, ocupando, por isso, um lugar especial na folk e rock indie.
Numa palavra, este álbum é terapêutico. Porque a música é mesmo assim, terapêutica, e ouvir este álbum cheio de emoções faz-nos “lamber” também as nossas feridas.