Nunca o caos foi tão bom de se ouvir. E agora os Riding Pânico espalham-no por Portugal, apresentando o novo álbum Homem Elefante. Para quem não conhece, eles definem-se à escala do rock e do post-rock, e apresentam-no na sua essência, sem a arrumação de uma voz nos acordes.
A primeira vez que sonhei como um Homem Elefante foi na apresentação do disco, na Galeria Zé dos Bois, a 8 de junho. Cinco anos volvidos desde o primeiro álbum deixaram margem para criar dúvidas e expectativas. Como superar Lady Cobra? Como atingir o público com a verocidade de uma “E se a Bela For o Monstro”? A resposta surge em tom de mudança. Em parte ditada pela entrada de Fábio Jevelim (com a saída de Mike) e as suas frenéticas guitarradas; e porque foram cinco anos de evolução. Até descobrirem o seu Homem Elefante, reconhecíamos uma sonância a Riding Pânico; souberam dissociar-se dela, sem a abandonar, apenas para nos conseguirem induzir num coma instrumental poderoso.
“Zulu” abre o álbum com a força e a energia que antecede o resto do disco. Faz pensar e faz sentir. Segue-lhe “Dance Hall”, o single de lançamento que se funde harmoniosamente com o vídeo. Conquista-nos com o seu frenesim de acordes, que se intercala com os momentos de tranquilidade que nos mantêm nesta viagem. Viagem essa que, provavelmente, atinge o seu clímax na faixa mais peculiar do álbum. “Código da Morte” é, no mínimo, electrizante. E mostra-nos, de forma clara, a diferença para Lady Cobra, deixando-nos na cabeça todo um novo registo de Riding Pânico. A seguir, descobrimos o “Monge Mau”, que grita através das guitarras, num misto de melancolia com vontade. “Blueberry Surprise” embala-nos com o seu caos de instrumentos, onde cada um se distingue em certa parte, numa confusão propositada, que encontra um pouco de ordem em “Banzai”. Uma faixa com um poder mental incrível, provocado pela indiscutível força instrumental da banda. Depois, o álbum conclui-se da melhor forma possível. “Parece Que Perdeste Alguém” é intensidade, disfarçada de uma tristeza inviolável. Traz à tona sentimentos enterrados e pensamentos sobre o futuro e o presente de alguém que quer saber como vive um Homem Elefante…
“E há-de chegar o dia em que se vai ter de sair de casa e deixar-se lá dentro…” Riding Pânico.