Não reinventa a roda, mas preserva elegância e bom gosto. Love 2 é um disco decente dos Air que, longe de fundamental, ofereceu ao catálogo dos franceses mais um punhado de boas canções.
Gravado pela primeira vez no estúdio da banda, Love 2 vê Nicolas Godin e Jean-Benoit Dunckel explorarem as linhas sonoras do costume, mas sem a magia de outrora: ninguém espere encontrar aqui um Moon Safari ou um Talkie Walkie.
Sem atingirem os traços do fascínio que anteriormente haviam gerado, os Air de 2009 não deixavam de ser uma banda única e certeira na utilização de sintetizadores e no seu cruzamento com vozes ora orgânicas, ora mecanizadas: “Do the Joy”, primeira faixa de Love 2, é dos momentos mais felizes do trabalho, mas no geral falta aqui o nervo e a emoção que a dupla, nos melhores momentos, sempre conseguiu conciliar.
“So Light Is Her Footfall” e o single “Sing Sang Sung” (ignoremos a débil letra) são canções acima da média, mas o todo não supera a soma das melhores partes – há por aqui demasiadas canções que não seriam mais que lados-b dos melhores momentos dos Air.
Love 2 é, ainda hoje, o último disco mais convencional dos Air, até porque o trabalho seguinte seria inspirado no filme “A Trip to the Moon”. Talvez a chama criativa dos Air esteja em lume brando – o conforto possível é que mesmo um disco decente dos franceses é melhor que 93% (número com base científica, acreditem) da música que se faz por aí.