Na Dois Corvos, um copo de cerveja e a energia e musicalidade dos Dr Sure’s Unusual Practice tornaram o Domingo para lá de perfeito! Mais uma prova que os ventos do Sul são ventos de Rock!
Há quem defenda que a esperança do Rock n’ Roll venha do Sul. Eu não gosto de certezas absolutas, mas desconfio que sim… que virá das ideias frescas que nos têm chegado do Fim do Mundo (como as fabulosas argentinas que apanhámos no Montijo) ou dos antípodas, como os para lá de prolíficos King Gizzard and the Lizard Wizard, os C.O.F.F.I.N., ou estes fantásticos Dr Sure’s Unusual Practice, que por pura pica aussie quer pela magia da programação de Eyeambunny tivémos a sorte de curtir neste fim de domingo na Dois Corvos de Marvila.
“It’s rock music for odd balls and outsiders.”
É assim que a banda se apresenta.Criados em 2019, fruto da maluquice hiper produtiva – onde é que já vimos isto? – de Dougal Shaw (voz, guitarra, sintetizador e mil e um outros instrumentos), após mais um episódio de formigueiro criativo em que assumiu o alter ego de Dr. Sure. As suas práticas pouco comuns passam por se rodear de outras mentes livres e misturar, com muito poucas regras, estilos musicais como punk, new wave, rock, kraut e os demais que conseguirem distinguir nas suas composições.
Para o concerto na Dois Corvos, o quinteto australiano trouxe várias pérolas do seu catálogo discográfico – de onde gostaria de destacar o interessantíssimo Total Reality do ano passado – e alguns temas novos, que farão parte de mais um álbum prometido ainda para 2025. O público – que, incrivelmente, não encheu a sala !?!?!? – desfrutou da primeira até a última gota de suor. Aliás, o calor abrasador gerado pela energia dos australianos levou os mesmos a acrescentar “Collapse” a um alinhamento que já tinha sido improvisado quando uma das cordas da guitarra de Mathias Dowle se partiu e foi necessário recrutar um roadie acidental na plateia.
O espírito punk do quinteto e, em particular de Dr Sure, domina as letras, as composições e o modus operandis da banda, pelo que se torna perfeitamente lógico que Shaw dedique os intervalos entre os temas à intervenção política, com incentivos à cooperação e suporte dentro das comunidades, a uma maior empatia nas relações humanas e sobretudo na homenagem ao povo Palestiniano!
Dougal, Mathias, Miranda Holt (bateria), Ash Bates (guitarra) e Jake Suriano (baixo e sax) roçaram ombros e cotovelos no minúsculo (e adorável, diga-se) palco da Dois Corvos, ora privilegiando mais os sintetizadores, ora assumindo a forma de guitarrada total! What a perfect day!
Fotografias: Rui Gato















