Sexta-feira, 13 … a caminho do Solstício de Verão, Löbo e Necrø apagaram as luzes e acenderam a alma das criaturas dançantes que encantaram as Cartaxo Sessions.
“Tudo o que os cientistas podem observar no universo, de pessoas a planetas, é feito de matéria. Matéria é definida como qualquer substância que tenha massa e ocupe espaço. Mas há mais no universo do que a matéria que podemos ver. A matéria negra é uma substância misteriosa que afeta e molda o cosmos, e os cientistas ainda estão a tentar decifrá-la.” (https://science.nasa.gov/dark-matter/)
Matéria Negra é igualmente o nome do último registo discográfico dos Löbo, o seu mais do que aguardado regresso do ano passado, após uma calma cósmica que durou tempo demais, sobretudo se atendermos que o belíssimo Älma, que o precedeu, veio à luz no já longínquo ano de 2010. E se estar presente numa Cartaxo Session é sempre um privilégio – condições perfeitas, escolhas musicais a dedo e muito amor aos tímpanos … à camisola, quero dizer – desta vez, esse privilégio expandiu-se ao regresso dos Löbo aos palcos após 4 longos anos de hibernação.
A música dos Löbo é em si “é uma substância misteriosa que afeta e molda o cosmos” e este ouvinte que vos escreve ainda está “a tentar decifrá-la”. Doom, post-metal, post-rock, sludge, ambient e uma estética negra, a fugir para o gótico, serão algumas das matérias identificáveis do que as suas composições são feitas, … mas apenas isso, algumas pistas para entrar num sonho profundo e delicioso conduzido pelo ritmo pulsante de João Vairinhos que une e conduz os delírios paisagísticos da maquinaria de Ricardo Remédio e da guitarra de Pedro H. Barceló.
Antes dos Löbo, as luzes já se tinham apagado ao som do dark wave dos Necrø, onde o maestro Vairinhos – agora atrás das máquinas – e a muito intensa voz de Sara Inglês nos levam até aquela discoteca que apenas alguns de nós sabemos que se pode encontrar lá ao fundo da Floresta Negra. A festa de boas vindas ao Solstício foi feita ao ritmo e à ambiência de Into Oblivion (2024) e os seus efeitos ainda perduram na nossa química interna e, a julgar pelas altas temperaturas, no interior da terra.




















