Os Ditz lançaram Never Exhale há pouco mais de uma semana e, felizmente, escolheram Lisboa para iniciar a sua digressão continental. O quinteto mal tem parado em Brighton e essa rodagem fez-se notar na coesão do ataque sónico que perpetraram no Musicbox esta quarta-feira.
A banda tomou de assalto, desde cedo, uma sala que merecia ter estado um pouco mais completa. “Taxi Man” deu o tom … um baixo gordo, saturadíssimo e propulsante, ritmos redondos e cheios a dar espaço aos delírios maquinais das guitarras e, sobretudo, à voz rouca e à figura cativante de Cal Francis.
Seguem-se “God on a Speed Dial”, “Space/Smile”, igualmente do segundo longa duração, e só conseguimos expirar no início de “Senor Siniestro” – isto até que o baixo de Caleb Remnant volte a colocar a tampa na panela de pressão e nos devolva ao processo de cozedura em curso! O som dos Ditz é denso e invade-nos os sentidos e só nos safamos através das brechas deixadas pelos breves momentos de acalmia ou pelas várias diatribes de Cal Francis!
A primeira visita dos Ditz à capital não poderia deixar de fora temas do muito interessante álbum de estreia The Great Regression(2022) como “Clocks”, “Teeth” e “Ded Würst”, que ajudam a alimentar a ideia que a banda não é apenas mais uma para juntar ao contingente Post-Punk que vai ocupando os cartazes indie rock da atualidade. Sim, está lá a ambiência negra e grave aliada a um registo vocal que alterna momentos quase falados com ataques de gritaria punk. A grande diferença parece residir na forma como esses elementos são integrados na tal densidade produzida a partir dos vapores industriais e noise rock!
“No Thanks, I’m Full” ficou para o fim, mas desconfio que ninguém estava farto – nem mesmo a banda que prometeu voltar em breve (qual será o festival?) – apenas cansado e a precisar de apanhar ar!
Fotografias: Rui Gato















