Os Heavy Lungs desceram a rua do Alecrim na velocidade máxima (sem travões) e entraram de rompante no Musicbox para um concerto de arromba, cheio de energia crua e muita animação!
Ando para aqui há mais de 2 dias a engonhar. À procura de um ângulo, uma metáfora, qualquer coisa que me facilite discorrer sobre o concerto da noite do passado sábado. Já comecei umas quatros vezes e … a coisa bloqueia e cai. Confesso-me! Eu acho que estava mesmo era à procura de alguma linha de pensamento que me possibilitasse fugir à verdade de que só ouvi falar dos Heavy Lungs há poucas semanas, depois de ver o cartaz da Crowd Music e de uma das minhas companheiras Rockeiras, a reboque do mesmo cartaz, me recomendar o concerto. Pior, o eletrizante primeiro álbum do quarteto de Bristol – All Gas No breaks – editado no ano passado, passou completamente ao lado do meu radar! Sim, isto soa tudo muito pouco profissional, eu sei! Por outro lado, a minha profissão é outra, e eu só vinha fazer umas fotos!

Fui, portanto, até ao Musicbox com meia dúzia de audições do disco e com expectativas relativamente altas, fruto das ditas audições e das mencionadas recomendações. Fui aprendendo com o tempo que, noutras coisas que não a música, as expectativas são para manter bem lá em baixo. A música, essa, tende a não enganar … e desta vez, as expectativas foram mesmo superadas.
Os Heavy Lungs deram o litro, por eles e por nós, e deram um concertão … mesmo à medida de uma das mecas do nosso circuito underground! Apesar de alguns problemas técnicos (no microfone) durante os primeiros temas, felizmente e rapidamente ultrapassados, cedo se sentiu uma energia pura e contagiante proveniente das pujantes malhas tecidas pela guitarra de Oliver Southgate e bombardeadas pelo baixo de James Minchall e pela bateria de George Garratt. Depois, há Danny Nedelko! Um verdadeiro frontman! Aposto que se lhe aplicarem um daqueles testes de ancestralidade, deverão encontrar toneladas de genes do Iggy Pop! Ele salta, ele dança, contorce-se sobre o palco … e invade a plateia umas tantas vezes, provoca e dança com o público, e perdemo-lo no mosh!

Num alinhamento que não poderia deixar de fora malhões do seu primeiro longa duração – como “All Gas No Breaks” e “2 Hot to Ride” -, a banda não teve receio de contrabalançar o seu passado – “Stutter” e “Descend” do EP Abstract Thoughts de 2018 – com o seu futuro próximo. Para 2025 está prometido Caviar, que desta vez não escapará ao radar, e de onde saíram “Yes Chef”, “Cushion the Blow”, o single de avanço “Get out” e o tema título – tocado pela primeira vez ao vivo! Para o fim ficou o popular “(A bit of a) Birthday” cantado a título de dedicatória para a aniversariante da praxe!
Pouco passava da hora marcada quando os Bad Tomato subiram ao palco do ainda muito despido Musicbox. Nada que incomodasse o quarteto lisboeta! Nem isso, nem o azar do baixista ter visto a correia do baixo rebentada logo ao início, limitando-lhe os movimentos para o resto do concerto. Com o EP Bark acabadinho de estrear, a banda vem cheia de pica e essas boas ondas foram contagiando o público que ia entrando e chegando-se cada vez mais perto do palco. O som dos Bad Tomato traz-me à memória o post punk eclético a la Romance dos Fontaines D.C. assim como o indie do início do século XXI, numa mistura bem balanceada que resulta em canções que vão buscar tanto à melodia quanto à energia. A seguir!
Fotografias: Rui Gato




















