Caer é um álbum que surge numa fase de recuperação de George Lewis Jr. , que antes do seu lançamento sofreu um grave acidente que o obrigou a reconstruir a sua mão, facto que marcará, muito provavelmente, um momento de viragem na carreira do artista. Mas, como bem sabemos, se depois da queda é forçoso que nos levantemos, esta será seguramente uma tentativa de “standing tall” por parte do músico americano.
Poderá não ser um álbum muito consensual entre os fãs de Twin Shadow, nem tão pouco um trabalho, a nosso ver, muito coeso. Parece apostar em diferentes exercícios sonoros que, se por momentos nos entusiasma por vê-lo explorar diferentes caminhos, noutros deixa-nos a sensação de incoerência ou falta de estrutura, pelo menos para quem gosta de álbuns que “sabem contar uma história”. No entanto, tem alguns bons momentos, momentos esses para ouvir em repeat. O single “Saturdays”, feito em colaboração com as irmãs HAIM, é um desses bons momentos. Conquistou-nos de imediato como se de um flagrante flirt se tratasse. Ele está repleto de uma atitude pop sedutora que nos transporta para os anos 80, início de 90, e nos faz querer dominar uma pista de dança não só ao sábado, mas de segunda a domingo.
“Little Woman” é, talvez, o momento mais intimista do álbum, em que o músico explora algo completamente diferente e nos faz recordar a razão de nos termos apaixonado por ele no seu álbum de estreia, Forget. Aqui temos uma canção cheia de drama, um vocal de diferentes camadas que mostra o enormíssimo potencial criativo deste senhor. Quando o ouvimos, pensamos instantaneamente tratar-se de algo demasiado especial…E podia ter sido esta a cor escolhida para pintar a maioria deste álbum. Uma oportunidade perdida, ou um véu que se levanta para outras paisagens a descobrir neste artista?
“Littlest Things” é a outra faixa que destacaríamos deste novo trabalho de Twin Shadow, porque talvez a idade nos esteja a deixar mais “lamenchas”, ou simplesmente porque não conseguimos ficar indiferentes ao talentoso trovador que George Lewis Jr. é. Esta capacidade de construir baladas especiais e a emoção que coloca em canções como esta, mesmo que sejam de uma pop fácil para o ouvido, fazem-nos não querer desistir já.