De Roterdão para a cave da Lovers, o segredo musical mais bem guardado do mundo, chegou em dose dupla e deixaram todos de água na boca por (muito) mais!
Adoro um final de tarde de outono amena, onde posso desfrutar de uma esplanada e de uma conversa interessante acompanhada de uma cerveja gelada, depois de um dia de trabalho. Mas, porque não substituir a esplanada por uma cave mal iluminada, lugar ideal para um concerto de rock enérgico? Nada contra, tudo a favor. E assim foi, na passada quarta-feira, ainda antes do jantar, o aperitivo foi um incrível concerto de rock oferecido pela Lovers & Lollipops onde os protagonistas foram os holandeses Tramhaus. Cá fica uma ótima alternativa às sessões de esplanada de final de tarde, de qualquer estação do ano.
Como haviam anunciado na festa de celebração dos 20 anos de existência da Lovers & Lollipops, as atividades culturais semanais arrancaram em força no número 143-A da Rua São Vítor no Porto, a nova casa mãe da editora nortenha. A oferta cultural vai desde exposições, oficinas, sessões de escutas até aos concertos, para além de outras ofertas culturais que irão sendo anunciadas. Divulgada a programação para outubro, ficou logo na retina o concerto dos Tramhaus e não quis perder a oportunidade de rever este incrível quinteto. Na verdade, não fui o único, já que os bilhetes para o concerto voaram tão rápido, que decidiram fazer um concerto extra, no mesmo dia. A título de registo, o primeiro aconteceu às 17h e o segundo, aquele que assisti, foi às 19h45.
Quando cheguei ao local, ainda havia corpos suados que tinham provado a primeira dose Tramhaus e que agora recuperavam a energia para uma nova vaga. A opinião era unanime, a sessão das 17h tinha sido incrível e já estavam ansiosos pela próxima. Enquanto partilhávamos histórias, mesmo ali ao nosso lado estavam os elementos dos Tramhaus. Fomos estando atentos aos seus movimentos e mal eles entraram para se preparem para o concerto, nós seguimos os seus passos. E eis que, pouco antes das 20h, a descarga enérgica ocupa os poucos espaços vazios da cave do número 143-A.
Há qualquer coisa de especial neste quinteto holandês, é que apesar da aparente serenidade que aparentam, a energia que conseguem transmitir é de tal carga que em breves segundos os corpos, de quem assiste à atuação da banda, balançam e dançam ao ritmo daquelas melodias deliciosas. Sem dúvida que o nervo e carisma de Lukas Jansen, frontman dos Tramhaus, é contagiante e sentimo-nos obrigados a acompanhar os seus movimentos de anca implacáveis. Têm tudo para se tornarem a next-big-thing, mas por enquanto vamos nos deliciando a vê-los e ouvi-los em espaços como este, ali bem perto, à distância de lhes podermos dar um abraço.
Durante pouco mais de uma hora, recuperaram alguns dos primeiros singles editados e percorreram quase na integra os temas de The First Exit, primeiro longa duração da banda editado em 2024. Para ser sincero, não há temas que se destaquem, porque a qualidade é sempre muito alta, há uma homogeneidade incrivelmente bela e que ainda assim não é aborrecida. Claro que ouvir “Bleech”, uma das minhas preferidas, a um metro de distância, tocada pelos próprios criadores, é sempre muito melhor. Ficou o sabor a pouco e, talvez, com mais duas sessões a malta tivesse ficado, minimamente, satisfeita.
Texto e Fotografias: Jorge Resende



















