Na terceira data da sua primeira tour, os Strongboi aterraram no palco do Musicbox, sala que esgotaram e que os aguardava de forma expectante. O projeto da dupla Alice Phoebe Lou e Ziv Yamin, nascido e criado em Berlim, passou em Portugal, primeiramente no Porto e, depois, em Lisboa, onde tocou músicas passadas e futuras.
As luzes apagaram-se e o público, que enchia a sala de uma ponta à outra, parou com as conversas paralelas e virou-se atento para o palco. Foram uns segundos apenas até que a porta se abrisse tímida e deixasse passar os membros da banda que acompanhariam os Strongboi. Apareceram todos mascarados: um chapéu de cowboy cor-de-rosa encontrado no chão de um concerto de Harry Styles, um robe comprado na Humana da Rua da Prata, uns óculos de sol coloridos vindos de uma banca da Feira da Ladra e um colete refletor perdido num qualquer porta-bagagens. A pose lowkey too-cool-for-school era assim instaurada, faltando apenas a entrada do duo em palco, que também não tardou. Os aplausos mais fortes foram dirigidos à doce Alice Phoebe Lou, que se postou no centro do meio círculo em que se organizou a banda, depois de dizer um simples “olá” à audiência.
Os Strongboi lançaram o seu primeiro álbum no ano passado e começaram a atuação precisamente por aí, tocando as primeiras três músicas do disco – “fool around”, “ugi” e “cold” – fazendo uma coreografia de cabeças discreta ao som do baixo groovy e mantendo a pose para dar espaço à dança de sala de estar em que Alice investiu a noite toda. O seu terceiro single, “tuff girl”, lançado em 2020, seguiu-se no alinhamento e, depois, foi tempo de duas novas músicas, “special” e “magic”.
Em palco estava um grupo de amigos porreiro, talvez um pouco fechado sobre si mesmo e as suas inside jokes, incapaz de promover um diálogo contínuo com a audiência. Alice Phoebe Lou é uma figura já acarinhada pelo público português e é provável que muita gente ali estivesse sobretudo por sua causa. É possível que banda também o reconheça, tendo dado espaço a que fosse ela a mestre de cerimónias nesta noite – o que culminou naquilo que pareceu uma dependência do seu carisma para manter as pessoas envolvidas durante a hora e pouco que fez o concerto. Entre cada música havia silêncio, momentaneamente quebrado por poucas palavras vindas de Alice, e afinação de instrumentos. O contacto personalizado foi escasso e as músicas, muito bem tocadas, soaram tal e qual à gravação em estúdio; o resultado foi um concerto tecnicamente muito perfeitinho, mas pouco especial, pouco único. A pose – que é uma parte importante do projeto Strongboi – pareceu mais relevante que a energia emanada do palco e Alice Phoebe Lou apresentou-se mais reservada do que quando veio a Lisboa em nome próprio e pôs toda a gente a cantar, a dançar e a sorrir.
Uma cover da música “Bound”, dos The Ponderosa Twins Plus One antecedeu outro single de 2020, “honey thighs”, que veio animar consideravelmente a cena, que estava a começar a ficar ligeiramente monótona. Outra novidade, “spooky”, soou bastante bem, sobretudo graças à voz inatacável de Alice. Em “flame”, um regresso ao álbum de 2023, a vocalista juntou-se a Ziv Yasmin no teclado e, para outra cover, desta vez de “Free” de Deniece Williams, pediu que o público fizesse silêncio – ou mandou-o calar (gentilmente). O primeiro single de sempre de Strongboi, homónimo, fechou o concerto.
O duo Strongboi é tão fixe como se quer fazer parecer e conjuga bem a imagem pouco séria com o groove lo-fi, que soa tão bem ao vivo como gravado, mas peca na distância que mantém do público que o acarinha. O concerto que deu no Musicbox no sábado passado foi bom – e prometeu um futuro curioso, com as músicas que ainda estão por sair –, mas não foi memorável.
Fotografias por Connor Wilkinson









