Como a tal estrela, o GPS levou-nos até à Cova do Gigante para testemunhar o nascimento dos Croto! As madrinhas Lesma e os magos Cobra ao Pescoço juntaram-se à festa e houve Punk Rock pela noite fora!
Chegámos a uma Arruda dos Vinhos cheia de animação. Desconfio que seria menos complicado estacionar no Bairro Alto numa noite de sexta dos dourados anos do início do século! Os Sons da Cova oferecem-nos um ninho no meio da confusão. Gargantas húmidas, espíritos hidratados … e estamos prontos para o Rock n’ Roll!
A festa começa com a estreia absoluta dos Croto, banda da casa! A sério que nunca tocaram? Não acredito! Cheira-me a muita rodagem (noutras bandas, muito provavelmente) e a muitos ensaios! Punk Rock do bom, cantado em português, a trazer-nos fantásticas memórias dos nossos saudosos e mais que queridos Censurados! Ok … talvez um pouco mais pesado! Pouco não, um bom bocado … uma secção rítmica sólida faz a cama necessária para o virtuoso guitarrista thrashar à grande!
Uma vez que o vocalista ostenta uma camisola da Seleção Nacional, estranha-se menos que uma das canções seja qualquer coisa como “Queria ser Ronaldo”. Apesar do “pré-refrão” incluir um relato de um golo do famoso número 7, a expressão do frontman – e que frontman – tresanda a ironia! Como conseguem perceber, não deu para estudar a obra da banda antes, mas as letras dos Croto parecem cair para a crítica social bem disposta! Levámos uma sova daquelas, sempre com muito poder, sempre com muita garra, estes Croto não deixaram a malta parar de dançar. E a malta, para se vingar, não os queria deixar sair! Tocaram mais uma e houve mais um golo no fim! Siiiiiimmmm!
Seguem-se as Lesma. As riot grrrrls do Barreiro, Setúbal, Sesimbra, Santarém, Lisboa, ou de onde elas quiserem, perdem o efeito de jogar em casa (um pouco menos público, é o que eu quero dizer), mas ganham uma primeira fila de fãs agarradas às grades, que vão vibrando e cantando as letras de cor!
Gemas de É Mentira (2025) como “Eu sou uma (colher)”, “Maria” ou a citada “Barreiro” dominam o alinhamento onde houve lugar para uma nova dedicada ao SNS, que fará parte de um novo EP. Há ainda lugar para uma bela sessão de mosh, muita energia apunkalhada e amor às causas!
Há muitas formas de descobrir uma banda. Cheguei aos Cobra ao Pescoço por causa de uma t-shirt, igual à que haveria de comprar no fim do concerto, que o mítico Fanda levou a um Capote Fest aí há uns 2 ou 3 anos! Perguntei o que era, e disseram-me que era uma banda da Figueira da Foz, que tinha tocado na SHE (Sociedade Harmonia Eborense)! Fiquei curioso, fui espreitar e gostei do que ouvi. As pujantes malhas de Deus Mastiga (2022) deixaram-me com vontade de repetir e de apanhar a banda ao vivo. O segundo LP Versus Infernus acabou por chegar mais cedo, no passado mês de maio para ser mais concreto, e já lhe tinha dado umas tantas audições até que, finalmente, vi anunciada uma data ao meu alcance. Vamos até Arruda. Viemos! E, com a breca, que valeu bem a pena!
Provavelmente distraídos com o tal excesso de animação que encheu a terra de carros, o público não era muito. Mas o que foi, contava a quintuplicar porque não deixou o quarteto respirar por um segundo. A cada riff, a malta respondia com um fervoroso abanar da cabeça, a cada breakdown a malta ameaçava (e cumpria) com uma dança mais amoshada!As novas, como “Soraia Chaves”, “Inflamação Espanhola” ou a viciante “Bathsheba” fizeram companhia às um pouco mais velhas, como “Kang Lee”. Os Cobra ao Pescoço deram-nos um baile Punk Rock esticadínho, com fugas constantes para ambientes metalizados. Tudo tocado magistralmente, tudo cantado até à última gota da reserva!
Os Sons da Cova do Gigante trataram-nos nas palminhas, com uma série de mimos – é que nem vos vou contar quanto custava a imperial!!! – e sobretudo, com 3 bandas que mais do que merecem a vossa atenção … ou pelo menos, curiosidade! Pode ser que aumentem o vosso guarda roupa e as vossas playlists!
Fotografias: Rui Gato























