Esta semana trago-vos canções em que as palavras tomam um papel secundário, ou até inexistente. Entre línguas desconhecidas e poderosos instrumentais, aparece aqui uma canção que não só tem letra, como é cantada numa língua familiar. É estranho, eu sei, mas fi-lo porque a verdade é que não percebo quase nada do que o Tom Yorke diz. Nunca percebi. No meio da canção lá aparece uma outra palavra que podemos desvendar e de resto vamos tirando umas pelas outras. Mas isso nunca me distanciou da música e do sentimento que ela transmite. Aliás, creio que poucos o fazem como os Radiohead (ou o Tom Yorke).
Entretanto, somos todos jogados ao ridículo de murmurar sons ininteligíveis ao som da música como se soubéssemos do que falamos (é uma experiência engraçada ver as diferentes maneiras como as pessoas vão mexendo os lábios nos concertos de Radiohead). É por isso que isto é música de ouvir de olhos fechados, para não termos que lidar com a vergonha de não saber bem o que estamos a fazer. Ainda assim sentimos tudo o que não dizemos. E isto é o que a boa música consegue fazer.