Estivemos à conversa com Max Cooper, génio da electrónica, antecipando o seu espectáculo marcado para hoje, no Capitólio.
Altamont: Comecemos pelo início. Tens memória de quando começaste a ter uma relação com a música? Que artista/banda foi a alavanca para essa relação?
Max Cooper: Desde cedo fui arrastado pelos acordes dos sintetizadores, através da minha irmã pôr a tocar Erasure, New Order e Pet Shop Boys e muita da era dourada da synth pop. Também me senti atraído por Michael Nyman e Philip Glass, alguma da música clássica minimalista, e, obviamente com a cena dos clubes. Todos os elementos estavam lá desde o início.
Quando é que compuseste a tua primeira música? Era electrónica ou acústica?
Comecei a criar má música electrónica a partir de 2005…
O que mais gostas como DJ?
Sentir que estou numa festa com toda a gente ao invés de estar apenas a tocar para elas.
A nível de qualidade sonora e DJs, qual o melhor Clube mundial, hoje em dia?
Stereo em Montreal, Vent em Tóquio, AND em Joanesburgo vem-me à cabeça, mas há imensos bons espaços por aí, hoje em dia, e eu já não toco em Clubes como antes tocava. Estou mais focado nos meus espectáculos 3D AV, o que pode indicar que a minha lista já pode estar desactualizada.
E qual o melhor país para viver para um música de electrónica?
Depende do estilo de vida que procuras. Berlim é incrível para se estar por dentro da cena da música electrónica, mas eu prefiro estar rodeado pela natureza, sinceramente.
Qual a razão para grandes bandas rock tenderem a incorporar estéticas electrónicas no seu som, como Arcade Fire ou Tame Impala, só para mencionar algumas?
Todos temos de evoluir musicalmente para não estagnarmos e soarmos repetitivos. A electrónica abre todo um universo de novas possibilidades.
Em Tileyard Improvisations vemos uma forte influência de jazz. Voltarás a este som?
Sim, foi muito divertido colaborar com músicos de jazz nesse trabalho. Retirei as técnicas de improviso para o meu próprio método, desde então, tentando improvisar ao vivo e ver para onde as coisas vão, abraçando o caos um pouco mais. Recentemente, tenho trabalhado com Kathrin DeBoer novamente, mas sem planos para colaborações jazz, de momento.
Os teus primeiros trabalhos eram mais techno underground. Agora parecem mais delicados. Estás a perder irreverência?
Anteriormente, tentava criar música para os Clubes, mas fartei-me das restrições, daí expandi o meu método e ideias para todos os meus gostos, interesses, sentimentos e formas de expressão. Continuo a amar o techno e criar faixas de Clubes mas, a nível de álbuns, prefiro criar algo para se ouvir em casa, tendo a noção que não vou passar essas faixas ambient num clube de techno.
Como pode Bach ou outro compositor clássico influenciar o teu trabalho? Como foi a experiência com o género clássico?
Tenho dificuldades com Bach. Tecnicamente é interessante mas parece-me muito preso em velhas concepções, para mim. Gosto mais de clássicos contemporâneos, como Stravinsky, Debussy, Glass ou Reich. Encontro sempre ideias e sentimentos relevantes neles.
O que poderemos esperar do concerto desta Sexta-Feira, no Capitólio? Uma experiência audio-visual centrada em Unspoken Words ou uma visita à tua carreira?
Eu não planeio os sets. Eu adapto-me ao local, ao sistema sonoro, à hora da noite, e, mais importante, às pessoas que vieram ver-me tocar, as quais eu tento ter uma conversa musical. Eu testo as coisas e deixo que elas me guiem por um caminho ou por outro. Posso dizer que vai ser um conjunto de coisas antigas e novas.