O último concerto de uma tour é sempre especial e Marc Scibilia fez questão de o assinalar, no LAV, com histórias e partilhas pessoais, baladas nostálgicas e versões DJ das suas próprias canções. Uma despedida em jeito de volto já.
Primeira vez a tocar em Portugal e último concerto da tour são dois factores que se compreende bem apelarem ao sentimento e a discursos emotivos. O primeiro tema, em modo one-man-show com recurso a looping, determinou logo o tom enérgico que viria ultrapassar o modo acústico expectável. Um prelúdio com elogios rasgados à beleza da nossa cidade e muita vontade de agarrar o público, desejando que a noite fosse extra especial para todos.
Nascido e criado em Buffalo – Nova York, Marc Scibilia também é conhecido por partilhar a sua vida e percurso pessoais, explicando de que forma canalizou tudo para as canções. É nos entretantos que nos conta como começou a escrever canções aos 18 anos; como decidiu “em conjunto” (sozinho) com a sua conselheira do ensino secundário que sair de casa para viajar e escrever canções era uma excelente ideia; como contou aos pais; como durante 4 anos a escrever diariamente deu em nada; como numa derradeira tentativa acabou por conseguir um contrato discográfico. Não é inédito, a história em si não chega a ser comovente, mas a partilha sentida e o incentivo para não desistirmos dos nossos sonhos, sejam eles quais forem, será sempre um lugar comum onde todos somos bem-vindos.
Quem não tiver pensado em Bruce Springsteen neste concerto não esteve atento… aos jeans, tshirt justa, guitarra acústica, gaita, a voz grave, ligeiramente rouca. Passo a inclusão da electrónica, teclas e linhas de baixo via looper, temas como “One Day”, “No One Knows My Name” ou “Halfway There” são demasiado pessoais para ser comparados, incluindo o que dá nome ao disco More To This, inspirado por uma pergunta da filha de 5 anos acerca da morte.
Nota especial para o baterista Garrett P. Tyler, que acompanhou boa parte dos temas. Setlist focada neste álbum mais recente, além das várias baladas acústicas, Marc fez questão de incluir covers de êxitos dos quais é fã: “Clocks” (Coldplay) e “Bitter Sweet Symphony” (The Verve), e versões DJ das suas próprias músicas, num mix techno-intimista com ritmo contagioso. Aliás, todo o registo e tom positivo (até no merch a mensagem principal é “keep going”), chega a ser infeccioso.
Royal Hawk, que abriu a noite, colaborou em alguns dos êxitos de Marc e dividiu parte deles em palco. Depois de anos a compor para terceiros, com êxitos mundiais para artistas como Benson Boone ou One Republic, apresenta-se sólido e seguro, em busca de luz própria a solo.
Fotografias: Valter Dinis






















