Quando Isolation, álbum de estreia da diva colombiana Kali Uchis, chega à meta da maratona, quase que nos podíamos esquecer de quem é a verdadeira dona do projeto. Na verdade, apesar da voz doce de Uchis estar muito presente nas quinze canções que fazem o disco, vem sempre de mãos dadas com inegáveis vedetas que a poderiam vir a ofuscar – desde BadBadNotGood, a Damon Albarn, a Kevin Parker, ao lendário Bootsy Collins.
Surpreendentemente, nunca é o caso. Mas só para os mais céticos, Uchis decide fechar a cortina sozinha, com a desoladora balada “Killer”. Sob um luxuoso instrumental de doo-wop, que nos parece chegar de outra época, a voz de Uchis parece ter-se guardado ao longo dos últimos quarenta e tal minutos para abrir asas e levantar voo quando canta sobre o homem que lhe partiu o coração de todas as formas possíveis: e a sua angústia é tão horrivelmente palpável que quando o compara o sucedido com matança não lhe conseguimos apontar exagero. Como quando, por exemplo, lamenta “It’s silly, I think of our unborn children / ´Cause all I’m thinking about right now / Is how I’ll never know them”, e é impossível o coração permanecer intato. O melhor fica para o fim, e Kali Uchis soube guardá-lo na manga para nos arrancar uma lágrima dos olhos mesmo antes de mergulhar no silêncio.