Mais um bonito, se bem que previsível, capítulo na história do homem dos Dinosaur Jr.
Quando, em 2011, J Mascis se estreou nos discos a solo, a surpresa foi grande. Afinal, aqui estava um tipo que havia dedicado a vida a uma banda, os Dinosaur Jr, com a qual se tornou ídolo do melhor rock alternativo e deuses da guitarra eléctrica. Que raio andava ele a fazer fora disso? Na verdade, Mascis é sempre ele próprio, devido às tonalidades totalmente características tanto da sua voz como das suas cordas electrificadas. Desde então, os Dinosaur Jr – instituição marcante dos 80’s e dos 90’s – voltaram a juntar-se e a editar bons discos rock. E Mascis manteve o ritual de ir intervalando o seu trabalho de banda como registos a solo.
Estes tendem a ter uma base mais acústica e mais simples, e isso volta a ser verdade neste fresquinho What do we do now, o seu quarto álbum em nome próprio. Ao longo de quase 45 minutos e dez músicas, J Mascis volta a contar-nos as suas histórias de inadequação e tensão, mas com os demónios mais contidos do que fez no passado.
É um álbum limpinho, tranquilo, feito de canções simples que não fogem ao seu template habitual (base acústica, voz sofrida de eterno adolescente, um solo esfuziante de guitarra eléctrica a meio). Esta espécie de fórmula acaba por uniformizar em demasia What do we do now, embora seja agradável de ouvir.
O que nos leva à derradeira questão: para que é que o mundo precisa de mais um disco de J Mascis em 2024? A resposta é “para pouco ou nada”. Mas isso não nos deve impedir de o escutarmos. O efeito novidade ou surpresa há muito que não passa por aqui. Mas se voltamos uma e outra vez à mesma velha camisola confortável, porque nos assenta mesmo bem, não há nada que diga que na música não nos podemos entregar a essa preguiçosa indulgência.