Quando o teclista de Vampire Weekend, Rostam Batmaglij, se junta ao vocalista de Walkmen, Hamilton Leithausen, o resultado é um alegre e descomprometido I Had A Dream That You Were Mine.
Os dois conheceram-se em Washington, a sua cidade natal, onde se encontravam volta e meia para tocarem juntos. E este disco é fruto de uma colaboração mútua, com elementos dos dois: está lá a jovialidade de Vampire Weekend, está lá a inspiração de Sinatra de Leithausen e densidade dos Walkmen.
A faixa de abertura, “A 1000 Times”, é o single do disco, cujo refrão dá título ao disco e é sem dúvida a faixa mais emblemática – vejam o vídeo, onde os pais dos dois cantores são protagonistas. Mas não se deixem ficar só pela primeira música do álbum. Há um pouco de Vampire Weekend, um pouco de Walkmen e uma mistura de ambos que é refrescante, como se pode ouvir em “Sick as a Dog”, com coros descoordenados, partes trauteadas e uma viola ligeira.
“Rough Going (I Won’t Let Up)” transporta-nos para os anos 50 com uma deliciosa sequência de sons vocais sempre em fundo e alguns arranques de voz de Leithauser. Já “Peaceful Morning” é isso mesmo, uma serenidade doce em forma de canção – apesar dos agudos, que podem ser demasiado para certos gostos. Em “The Bride’s Dad” Leithausen aposta sobretudo na interpretação forte.
A fechar, “1959”, em colaboração com Angel Deradoorian, quase a embalar-nos mas com as teclas de Rostam e a voz cristalina de fada da norte-americana que já cantou com The Roots ou The Flying Lotus, numa música bem produzida e densa.
Apesar de lhe faltar alguma coerência como disco, o trabalho dos dois músicos é recheado de faixas interessantes, descomprometidas, de tom alegre apesar das letras por vezes dramáticas, de músicas despretensiosas mas cheias de elementos.