Lisboa é uma cidade com muitos privilégios. E não falamos agora do clima ou gastronomia, antes na presença na capital de um músico de vanguarda – Noah Lennox, que assina a solo como Panda Bear e toca nos seminais Animal Collective, vive há largos anos na capital portuguesa e apresentou recentemente no Lux aquele que será um dos álbuns maiores de 2014, apostamos desde já, embora com retorno praticamente garantido.
A noite era de celebração, e Noah convidou para a sua festa na discoteca lisboeta um conjunto de nomes ligados às paisagens sonoras que habitam os seus temas a solo e em banda. O foco maior, contudo, estava no concerto enquanto Panda Bear, sabendo-se de antemão que seria preenchido somente com material novo a incluir no sucessor de “Tomboy”, por ora sem nome e data de lançamento.
Isto é: Lisboa viu e ouviu em primeira mão um novo disco de Panda Bear. E o que dizer? Há temas mais rock, com mais batida e apelo à dança, mas a base é a mesma: a voz guia uma viagem de um homem só mas preenchida de sons e que percorre labirintos sónicos com mestria e sempre com sentido. Há momentos mais planantes e introspetivos, mas o que fica, analisado a frio e com alguma distância no tempo, é a urgência por ouvir este repertório.
Daqui a um ano estará na lista de melhores discos de 2014 e Lisboa ouviu-o antes do resto do mundo – aparte, provavelmente, os amigos mais próximos de Noah. Se calhar somos todos um bocado isso, não?
A programada pelo músico teve ainda atuações de boa gente como Eric Copeland (dos Black Dice), Actress ou bEEdEEgEE, projeto de Brian DeGraw, aqui incapaz de chegar tão longe como na música que conduz nos Gang Gang Dance.