As segundas-feiras só são cinzentas se vocês o deixarem! Os Dischavizer e os Konad ajudaram a comprovar esta teoria e carregaram as baterias do público do Vortex aos níveis máximos de potência!
Não sei se foi por ter sido a uma segunda-feira à noite, se por ter sido logo a seguir à Páscoa ou até por ter havido outro concerto dois dias antes, a verdade é que o Vortex estava com menos público que tem sido habitual e que as duas bandas da noite mereciam – sobretudo se atendermos ao facto que se tratava da estreia dos brasileiros Dischavizer em (sub)solo tuga! Ganharam, e vingaram-se, os slammers mais hardcore cuja ininterrupta energia ajudou a alimentar a alma dos presentes … em ambos os lados do pit.
Será sempre estranho utilizar expressões como “instituição”, “destaque” ou mesmo “créditos firmados” num contexto como o da música underground, especialmente quando o poder é um dos principais alvos de combate e onde se tende a privilegiar a comunidade em detrimento do indivíduo, como no caso da cena punk/crust. Penso que o termo “reputação” será o mais apropriado e serve que nem um par de botas bem usadas tanto aos Dischavizer como aos Konad, ambos com uma rodagem bem considerável e com um som a condizer.
Ainda era de dia quando descemos as escadas para apreciar os primeiros acordes dos Konad. No ativo desde os noventa, ainda como Konad Mosca, e com várias encarnações no lombo, o quarteto de Vila Franca de Xira trocou o português pelo inglês a quando da edição do seu terceiro álbum – The Last Day – em março de 2024. Com uma atitude inquestionavelmente punk e uma abordagem lírica bem recheada de crítica social, a banda de Kampino (voz), Frazão (guitarra), Litrona (baixo) e China (bateria) dá-lhe com força num som próximo do Trash Metal/Crossover, com uns laivos de Death Metal a apimentar a coisa. Kampino ainda prometeu umas baladas, mas a velocidade e a agressão não deram tréguas durante toda a sua atuação e os sorrisos de contentamento dos dois lados da barricada conseguiram suplantar o número de cervejas bebidas na flamejante cave das Olaias.
De repente, o pequeno palco do Vortex pareceu agigantar-se para acolher o duo Nader (voz e guitarra) e Igor (bateria) que forma os paulistanos Dischavizer, mas não se deixem enganar. O poder sónico daquela dupla é mais do que suficiente para encher o palco, o Vortex, os nossos muito treinados ouvidos e toda a zona oriental de Lisboa, caso fosse necessário! Aliás, para ser mais correcto, os parêntesis à frente de Nader deveriam conter vozeirão (tudo em maiúsculas) e guitaxo – uma guitarra adaptada com cordas, cravelhas e mais uns tantos toques de baixo, para tornar o som ainda mais pesado e cheio. Numa palavra, avassalador! Aventureiros e dedicados à sua arte (Nader, por exemplo, organiza o festival Masters of Noise há mais de uma década), o par iniciou em Lisboa a sua segunda tour europeia na lógica, tão bem conhecida da punkalhada, do it yourself with some help of your friends, que levará a mais de vinte salas por toda a Europa* a sua versão bem pesadona de crust punk a roçar o grind. Na bagageira, levam Baltheizer, um saco de porrada de 2023, com 11 temas em 19 minutos – bip bip – e Extinção de 2016.
* Nota: a tour europeia dos Dischavizer ainda regressará a Portugal para dois concertos: 13 e 14 de maio, respetivamente no Porto e Coimbra. Vão lá, se puderem, vale bem a pena!
















