A Primavera chegou com a sua habitual insanidade e, depois de uns poucos, mas bons, dias de Verão, as temperaturas voltaram a levar-nos até ao Inverno. Este domingo não foi excepção. O frio, o vento e os pastéis de massa tenra acabadinhos de fazer não davam vontade de deixar o ninho, ainda mais, porque já tinha visto Circuit des Yeux duas vezes. Mas, valores maiores se levantaram e lá rumámos, mais uma vez, até à ZDB.
Passava pouco das 22h00 quando Haley Fohr subiu ao palco, desta vez, acompanhada por Whitney Johnson na viola, Andrew Scott Young no contrabaixo, e Tyler Damon na bateria.
Rapidamente se percebeu que, para ver Circuit des Yeux, vale sempre a pena sair de casa. Se é verdade que Haley nos presenteia sempre com uma performance exímia, é ainda mais verdade que esta formação é a mais interessante que já lhe vi. A única diferença em relação ao concerto a que assisti no Lexington, em Londres, foi a viola… E que diferença que uma viola faz…
Tal como no seu mais recente álbum, Reaching for Indigo, o concerto abriu com “Brainshift” e por aí foi, seguindo o alinhamento que a abertura fazia prever. Se em “Brainshift” nos arrepiámos com as profundezas da voz de Haley, em “Black Fly” reconhecemos o bem que o tema fica com Andrew Scott Young no coro. Em “Philo” encontrámos mais uma orquestração minimal, que sublinha a intensidade vocal de Haley. Mas, foi com “Paper Bag” que se fez a transição para os ritmos krautrock, que atingem o auge em “A Story of This World Part II”.
O círculo fecha-se com “Geyser” e “Falling Blonde”, a puxar-nos de volta para as profundezas de onde viemos.
A viagem ao abismo de Reaching for Indigo estava feita. Mas o público queria mais. Com o reportório do mais recente trabalho esgotado, o encore chegou com “Do the Dishes”, do predecessor In Plain Speech, e com uma nova canção.
Lá fora, o tempo continuava agreste e ainda era cedo para se abandonar o abrigo. Pela terceira vez, Haley subiu ao palco, já só com a guitarra, para fazer algo que admitiu não fazer muitas vezes: tocar um cover. E foi com um aceno às suas raízes folk que nos deixou uma bonita versão de “Fruits of My Labour”, de Lucinda Williams. O tema, a fechar, caiu que nem um cházinho para a alma.
Setlist:
Brainshift
Black Fly
Philo
Paper Bag
A Story of This World Part II
Call Sign E8
Geyser
Falling Blonde
Encore:
Do the Dishes
Tema desconhecido
Encore 2:
Fruits Of My Labour (cover), de Lucinda Williams
Fotografias gentilmente cedidas por Vera Marmelo.






