Canção do dia

“Blue Baby” – Ovlov

Apesar de celebrarem este ano dez primaveras, os Ovlov apenas existiram durante uma porção desse tempo. Isto porque Steve Hartlett só junta a banda quando faz sentido e está na hora de criar. Talvez esta seja a razão que faz com que os americanos sejam uma das bandas mais interessantes a aparecer entre o indie rock que se fez ouvir durante a segunda década do milénio. am (2013) é o seu disco de estreia e é daí que sai “Blue Baby”. Sem qualquer vergonha, os Ovlov nem sequer tentam mascarar as suas referências – Dinosaur Jr. e Sonic Youth dos finais de ’80, inícios de ’90 estão por todo o lado em am. Mas fazem-no assim, sem receio, porque a sua interpretação desse som tão característico é bastante interessante: há mais atenção à criação de envolvência (muitas vezes, através de nuvens densas de distorção) e, sobretudo, há significativamente mais emoção nas melodias e introspeção nas letras. “Blue Baby” é a penúltima faixa do disco e, ao mesmo tempo, o seu clímax catártico, onde, entre uma bateria feroz e guitarras que choram fuzz e feedback, os demónios são purgados.