Random Access Memories é o novo trabalho do dueto parisiense electro-pop composto por Guy-Manuel de Homem-Christo e Thomas Bangalter. O álbum é posto à venda dia 20, mas milhares de pessoas já o ouviram na íntegra no Itunes, muito devido à popularidade do primeiro single ” Get Lucky” com Pharrell que chegou automaticamente ao primeiro lugar de vendas no Itunes.
Confesso que quando ouvi o primeiro single, pensei tratar-se de uma música isolada e imaginei um registo mais comercial dentro da mesma linguagem eletrónica que os Daft nos habituaram desde Homework, evoluindo para Discovery e Human After All. Felizmente enganei-me.
Este quarto álbum, oito anos depois de Human After All faz-nos viajar aos 70’s, década marcada pelo disco-funk. Guy e Thomas quiseram inovar, provar que podem fazer algo diferente mas com magia. Por isso nesta viagem mágica e com o intuito de dar um toque mais humano ao disco, os Daft convidaram os seus ídolos, o mestre da Disco Music, Giorgio Moroder; o mentor dos Chic, Nile Rodgers; o cantor e compositor Paul Williams e outros excelentes músicos como Pharrell, Julian Casablancas dos Strokes e Panda Bear.
Bangalter (capacete prateado) e Homem-Christo (capacete dourado) continuam fiéis às suas máscaras robóticas pois afirmam ser uma maneira do público focar-se somente na sua música e de manterem a sua privacidade, o que para eles é fundamental. Os Daft crêem que se cederem ao estilo de vida opulento e confortável das celebridades podem-se desligar da realidade, o que é extremamente prejucial para o processo criativo.
Neste disco destaco a música “Touch” com Paul Williams, compositor de vários êxitos dos anos 70 para os Carpenters e Barbara Streisand antes de se ter rendido ao álcool e drogas nos anos 80. A canção fala de um despertar, de uma pessoa que morre e ao ressuscitar lembra partes de vidas passadas, ” Touch, I remember Touch …”, é feito aqui um paralelismo com a sua vida. A faixa “Lose yourself to dance”, muito provavelmente o segundo single a ser lançado do disco, é extremamente viciante e ritmada e conta também com a voz de Pharrell Williams. Em todas as músicas, o vocoder ( efeito de voz robotizado) e o disco- funk estão muito presentes, menos na música ” Contact”, instrumental que fecha o álbum num climax de bateria e sintetizadores ruidosos e distorcidos que de repente se calam como se desligássemos um interruptor.
R.A.M. foi gravado inteiramente em formato analógico nos míticos estúdios de gravação Eletric Lady em Nova Iorque onde Nile Rodgers dos Chic gravou o seu primeiro single em 1977, e também nos Capitol Studios em Los Angeles. O disco é para ir-se descobrindo após multiplas audições e a qualidade de som é irrepreensível. Viciante! Recomendado! Carimbo Altamont!