Terceiro álbum dos Wombo, caiu no goto por estes lados, Danger in Fives conquista pela identidade experimental e inventividade sonora.
No Altamont temos uma brincadeira que é chamar de bandas inventadas a tudo o que nos vai chegando de novo e ninguém conhece. Hoje, levo essa brincadeira a outro patamar, tomando eu a iniciativa de inventar uma banda e lançá-la a vós, ávidos leitores. Acompanhem-me neste processo (dando o devido desconto das drogas consumidas previamente).
O primeiro passo para inventar uma banda será, naturalmente, dar-lhe um nome. Neste caso, decidi chamar-lhes Wombo, soa bem o nome? Que vos parece? Wombo. Estou a dizer agora em voz alta para mim mesmo, Wombo, e sim, fiquei convencido. Wombo será. Uma salva de palmas para os Wombo! Para definir a origem da banda tenho aqui à minha frente um globo daqueles que se acendem, e neste preciso momento vou girá-lo, parando-o com o dedo em… Louisville, Kentucky, EUA. Inesperado, mas coincidência gira, com tanto país no mundo tinha de me calhar uma americana, credo, nem com a imaginação consigo sair deste espartilho de soft power que os americanos nos fizeram papar durante décadas. Adiante.
Moro no número 33 da minha rua, logo esta banda será um trio, e vou debruçar-me sobre o seu terceiro álbum.
(E isto fez-me também lembrar este belo arranque de canção
Tríade, trinômio, trindade
Trímero, triângulo, trio
Trinca, três, terno
Triplo, tríplice, tripé
Tribo
Estou como os Tribalistas, já não quero ter razão, juízo nem religião. Pé em Deus, e fé na taba.)
Danger in Fives está fresquinho nas prateleiras das lojas de discos (na minha imaginação ainda existem, sim), saiu no início de Agosto e nada como ter revistas imaginadas a escreverem reviews imaginados para com o álbum, para cativar maior número de audições e usar-se nas redes sociais da banda.
“mistura uma estética etérea e cheia de camadas com grooves irregulares e arranjos imprevisíveis, evocando um som que é simultaneamente hipnótico e desconcertante”.
in Resonance Quarterly
“evoca uma narrativa através de impressões sensoriais, mais do que por estruturas lineares — foi concebido tanto em porões quanto em quartos de hotel, trazendo uma abordagem criativa refinada e uma presença sonora mais audaciosa e coesa em comparação aos trabalhos anteriores”.
in EchoWire
A minha imaginação não me permite assim grandes voos (na verdade, tem dias que se perde e viaja até bem longe, outras vezes não sai do sofá), pelo que o disco tem uma duração curta, onze músicas, menos de 29 minutos, e o destaque vai para as faixas “Neon Bog” – vocalização distorcida, percussão mecânica, tensa, até decidi fazer um vídeo para melhor entenderem o conceito que pretendo para a mesma; “S.T. Tilted”, que fica ali no limite entre pós-punk e hip-hop alternativo, com riffs fora de compasso e uma energia fantástica; e a homónima “Danger in Fives”, indie engraçada, bem disposta, voz de (esperem, é verdade, tinha-me esquecido de inventar nomes para os membros da banda, aqui vão eles – Sydney Chadwick (baixo e voz), Cameron Lowe (guitarra) e Joel Taylor (bateria)) Chadwick a sussurar-nos no ouvido.
Danger in Fives conquista pela identidade experimental e inventividade sonora dos Wombo, são algo na onda das Horsegirl que também me agradou este ano, e fica então a sugestão de audição.
Bem-vindos à minha cabeça, subscrevam o meu canal para mais conteúdo imaginado (mas pouco).