A cacimba caiu às 19:00! Estava tudo previsto … para que não se pudesse saber antes do tempo que o Sol não descansaria e que uma inesperada enchente invadisse o festival. Ainda “nem começou” e o Sonic Blast já ferve!
A malta do Sonic Blast pensa em tudo, portanto o aquecimento é tomado de forma literal:
- Preparar todos os músculos para o Iron (Wo)Men que se seguirá nos próximos 3 dias.
- Preparamos a musculatura abraçando os camaradas sónicos, e já agora, com os mesmos, a garganta com um ou outro copo, que não se deve dar cabo do cabedal logo na primeira noite
- Preparamos, sobretudo os ouvidos e a mente! Quatro bandas representando uma boa parte do espectro sónico que vamos ter a sorte de apreciar nos próximos dias.
Mas, ainda a propósito, voltemos um pouco atrás… à musculatura, às articulações e afins … que o headbanging sem foreplay é mais perigoso que outras atividades!
Os Overcrooks trataram logo dessa parte desde o arranque, inundando-nos de malhas tão radicais quanto o seu passatempo/estilo de vida preferido, o Skate! O alinhamento do quarteto luso brasileiro percorreu o asfalto, escadas, corrimãos e os registos sonoros existentes com destaque para Skate Rock don’t let me sleep (2023) e para o último single “What’s it all about”!
Os Daily Thompson aproveitaram a onda, mas a prancha é outra, bem mais longa, e a radicalidade é substituída pelo groove. O sorriso da baixista Mercedes „Mephi“ Lalakakis desarmou os esgares punk deixados pelos Overcrooks e a festa seguiu numa sintonia mais gasosa. O trio vem da Alemanha, mas soa à Costa Oeste dos EUA, num cruzamento original entre o stoner fuzz rock dos Fu Manchu e os noventa de Seattle! Chuparosa pode não ter subido aos tops dos críticos ou das massas do ano passado, mas deve estar bem acima nos níveis de boas vibrações!
Tudo muito bonito! Muito boa onda … até os americanos Nerve Agent darem cabo de tudo! Thrash crossover alimentado a 98 octanas e a um conjunto indefinido de aditivos numa mistura capaz de levantar muito pó e membros do público do chão. Old school, New Record! Game of Death pode ter saído em abril, mas a pica do quinteto vem do fim dos oitenta e pela energia despendida deve ter sido conservada nos em bidões de Redbull.
Nova mudança de registo. E que mudança! Quem julga que o Sonic Blast é néctar de casta única é porque não nos leu no ano passado (nem no anterior, diga-se). Dos Nerve Agent só resta a nacionalidade dos músicos, e mesmo assim não sei. Os Castle Rat parecem vindos de outro planta, ou mais exatamente, de outro universo. Do universo dos literatura gótica. O Doom poderosíssimo do quarteto é revestido de uma narrativa, cenário, figurinos e adereços a rigor. A dramatização ajuda a imaginarmos a coisa como uma ópera rock são Cipriano style! A banda aparece no alinhamento de sábado num dos palcos principais e percebe-se o porquê. A tenda e espaço circundante do palco 3 é manifestamente pequeno para o público que os quer ver, e impossível para este repórter fotografar para além dos temas iniciais. Voltarei à carga, portanto!
Fotografias: Rui Gato


























