Uma excelente e discreta pérola pop de um garoto inglês que vai certamente dar que falar.
Alex Pester é um garoto inglês de 25 anos de quem nunca tínhamos ouvido sequer falar. Porém, este é já o sétimo disco de uma carreira acelerada começada, em termos de edições, apenas em 2019. O jovem de Bath é um obsessivo musical, o que pode ser visto não apenas no seu ritmo de produção como nas influências que declara e que podem ser ouvidas nas suas belas canções: de Nick Drake a Incredible String Band, de Beatles a Robert Wyatt, de Joanna Newsom a Burt Bacharach, de Animal Collective a Vashti Bunyan.
O resultado é um registo próximo do chamber pop, ou neste caso bedroom pop, que ganha consistência pela sagacidade das suas músicas, que aliam um óptimo sentido melódico com soluções instrumentais originais, com um pé nos anos 60 e outro no sótão da casa de Jarvis Cocker.
Bedroom Songs é uma pequena pérola de menos de 30 minutos, no qual Pester nos oferece 12 músicas que são como pequenas polaroids pop, tudo feito com extremo bom gosto, mestria melódica e um encanto inglês que nos conquista muito facilmente e que não nos abandona nos tempos seguintes.
Todo o disco é bom, sem faixas irrelevantes ou que nos façam querer saltar para a frente, conseguindo uma coesão familiar, doméstica e adolescente. Mas não resistimos a destacar algumas das músicas que se nos colaram mais à pele.
O primeiro tema realmente viciante é “Star of the Week”, a lembrar os tempos mais inspirados do saudoso Avi Buffalo; “Just a Fool (For Love)” é uma muito bonita balada, uma canção de amor toda feita de doçura, subtileza e sensibilidade, com uma letra ilusoriamente ingénua mas certeira para quem não pertencer ao clube dos cínicos; “Billy Liar” leva-nos à saudosa voz e estilo de composição do incrível Elliot Smith; e não esquecer a atmosfera sonhadora e retro de “Julie Christie”.
Bedroom Songs é um disco que esconde, dentro da sua subtileza, todo um mundo de pequenas histórias e personagens, como um adolescente trancado no quarto a pensar em tudo o que faria se ao menos tivesse a coragem de sair. No meio de todo o ruído e da enxurrada de edições musicais, é fácil deixar passar despercebida esta pérola que tem tanto de discreta como de recompensadora. Não deixe que isso lhe aconteça.