Bitch, Don’t Kill My Baile, seguimos, Manu!
30 de janeiro, quinta-feira, 20h. Quem passou na Avenida Marechal Gomes da Costa por volta desta hora, certamente se perguntou o que seria a fila de pessoas (diríamos que umas 200) que chegava à avenida e ia para a zona dos armazéns, onde o LAV é situado. Podemos dizer que estava um verdadeiro mar de gente à espera para entrar na sala 1 do LAV para ver Manu Chao.
Sob o pretexto do lançamento do mais recente álbum Viva Tu, Manu Chao trouxe a Lisboa a sua Ultra Acústica Tour, com dois concertos esgotadíssimos no LAV. Não vale a pena fazer as contas de quantas vezes o músico já veio a Portugal, mas, após três concertos em 2024 em Portugal (todos em festivais pequenos), ninguém esperava que em janeiro de 2025, o músico anunciasse, de surpresa, um concerto para o fim do mesmo mês. A primeira data rapidamente esgotou e assim que foi anunciada uma nova data, também se esgotou num ápice.
Voltando ao LAV, concerto marcado para as 21h e podemos dizer que ainda não eram 20h30 e a sala já estava a 3/4 de capacidade, a bancada de merchandise pronta (3 produtos: t-shirt (20€), tote bag (10€) e porta-chaves (5€); bandas que vendem t-shirts a 35€ em concertos, tomem nota) e muita cerveja a ser vendida.
Finalmente, às 21h10, Manu Chao e os músicos Miguel Rumbao Serrano e Matumati sobem ao palco, perante uma casa cheia de um público variado: nostálgicos da Geração X, estrangeiros de várias nacionalidades e os eternos fiéis à energia contagiante do músico franco-espanhol.
Sem rodeios, o trio entra com força, sem grandes introduções, mas com direito a um entusiasmado “Boa noite, Lisboa!” e, em poucos segundos, a multidão já estava eufórica. O que se seguiu foram mais de duas horas de pura energia, dança, vibração. Como os miúdos dizem: foi uma vibe.
A descrição possível: o mundo lá fora está a arder, mas o concerto provocou um suspend of disbelief e fez-nos acreditar que o mundo afinal até é bonito, maravilhoso e que há esperança na humanidade. O que se sentiu foi uma comunhão entre público e banda, sintonia estonteante, com banda sempre (sempre) a puxar pelo público (“canta, Lisboa!”, “eu quero ouvir Lisboa, canta comigo!”, “Seguimos? Seguimos!”) e o público a retribuir com vozes altas, corações quentes, ancas ritmadas e pés dançantes.
Pessoas menos informadas (eu) poderiam dizer que as músicas soavam todas muito parecidas, com a sensação que não se sabe quando uma acaba e a outra começa, mas não se deixem enganar, o público soube bem a diferença (sabiam as letras todas).
A verdade é que, durante mais de duas horas, Manu Chao e seus músicos entregaram tudo e receberam tudo. Observando as pessoas que assistiam, todas tinham um sorriso na cara e bochechas coradas. Todas! Foi um bonito concerto e acho que saímos todos um bocadinho mais felizes e com um pequeno rastilho de paz interior. Seguimos, sempre.
Fotografias: Rui Gato






















