Na noite de sexta, a subcave da Disgraça foi aos limites da lotação, da vibração e da fornalha para acolher 3 colossos do harcore ibérico contemporâneo! A festa foi bonita, intensa e muito suada!
Para festejar o seu nono aniversário, o colectivo Disgraça organizou um programa de quatro dias cheios de atividades como conversas, workshops, jantares, cinema, apresentações de livros e, claro, concertos!
Os Reia Cibele foram os primeiros a subir ao palco e não precisaram de mais do que uns breves minutos para colocar a sala em rebuliço quase absoluto. Já é a terceira vez que os apanho nos últimos meses, e não me canso … bem pelo contrário! A energia e o talento do criminosamente jovem (dêem aqui uma folga ao quase cinquentão) quarteto lisboeta é tão desarmante quanto surpreendente. O público responde com sorrisos abertos, punhos fechados, slam, entoando as letras e partilhando o micro com o gentil gigante Bruno. Permitam-me reforçar que o EP de estreia dos Reia Cibele anda para aí a passear pelas plataformas digitais e que merece cada segundo despendido.

Andava com uma espinha encravada na garganta há quase duas semanas … aquele concerto no Vortex “interrompido” a meio! Felizmente, a cura não tardou! O som dos Hetta não é, nem fácil nem para todos, mas assim que entra no cérebro, dificilmente sai! Com os lancinantes ângulos cortados da guitarra de João Pires no comando, devidamente acompanhados pela rouquidão saturada do baixo de Sião Simões e dos ritmos viciantes de João Portalegre, o cenário está montado para Alex Domingos brilhar. Intenso é adjetivo que peca por defeito! A entrega vocal, a postura física e aquele olhar enchem a sala … sugam o oxigénio! Se a temperatura já estava alta em Reia Cibele, ficou tipo lava! Brutal também me soa a pouco!

Os madrilenos Crossed iniciaram a sua atuação ainda com a sala meio preenchida. A malta precisava de respirar e de se refrescar … mas não durou muito até ao chamamento atravessar 3 andares e muitas paredes! Ainda que mantendo a intensidade e a jarda hardcore das bandas anteriores, o som dos Crossed passeia igualmente por outras avenidas sónicas, como o metal e post metal. São pesados, estes senhores e acho que o seu vocalista foi buscar todos os estilos vocais possíveis (do pig squeal do Black Metal, ao gutural Death mais cavernoso passando por calmarias limpas Deftones style). A seguir!

Uma última palavra para o esforço que a comunidade alargada da Disgraça está a desenvolver com o objetivo de adquirir as suas instalações e assim, garantir a continuidade e sustentabilidade das atividades do seu Centro Social. Informem-se em https://disgraca.com/.
Fotografias: Rui Gato































