Gravado entre março e abril de 2020, durante o pico do confinamento em Itália, Ludovico Einaudi eternizou neste álbum o misto de sentimentos de clausura e de esperança que o mundo sentiu diariamente ao longo dos últimos meses.
Dificilmente iremos esquecer os últimos tempos.
É difícil acreditar no que aconteceu e no que ainda está a acontecer. É ainda mais difícil imaginar o futuro do mundo depois deste golpe. Num curto espaço de tempo, tudo aquilo que julgávamos ser eterno e intocável – a normalidade rotineira dos nossos dias – desfez-se entre os limites criados pelas paredes e divisões dos nossos lares.
Ficamos todos em casa – uns a trabalhar e outros a estudar, ao mesmo tempo que a palavra «lar» ia ganhando um significado mais forte. Vimos séries e filmes, diretos no Instagram, lemos livros e ouvimos música – mesmo muita música. (Este período é e será, aliás, uma boa prova de que a Humanidade, sem música, perde metade da sua graça).
No meio deste processo, os músicos, impossibilitados de darem concertos em salas de espetáculos, fizeram das suas salas de estar verdadeiros palcos digitais.
Foi nesse contexto que Ludovico Einaudi construiu 12 Songs From Home. Fechado em casa, o italiano foi oferecendo aos seus seguidores nas redes sociais as suas mais reconhecidas peças de piano, como Nuvole Bianche, Le Onde ou Oltremare, tendo agora reunido estas versões caseiras, gravadas com um iPhone, num álbum completo lançado no dia 8 de maio.
«Este novo lançamento é a memória desses concertos em casa, a minha memória deste tempo, a memória de um ambiente novo e estranho que não esqueceremos», diz Ludovico Einaudi, que arranjou em 12 Songs From Home uma maneira de substituir a digressão que, neste momento, deveria estar a realizar pelo mundo.
Uma nota final: não se estranhe ou julgue a nota dada ao disco. A classificação 10/10 é adequada, não só para este trabalho, como para todos os discos que os músicos de todo o mundo tiveram a coragem de lançar durante este período particularmente tenebroso para a sua área profissional.
