Se na última semana trouxemos aqui uma playlist com alguns temas maiores de grandes referências da música negra, que celebramos por estes dias no Altamont associando-nos ao movimento Black Lives Matter, esta semana alteramos um pouco o foco.
Desta vez, a playlist revê, de forma maioritariamente cronológica, alguns dos temas que versaram sobre as injustiças do racismo, a dificuldade de se ser negro — em especial, mas não só, na América — e as diferentes lutas que tiveram e ainda têm de travar-se para assegurar a igualdade entre raças.
Começamos no final dos anos 1930, com “Strange Fruit” de Billie Holliday. Daí prosseguimos, passando pelo final dos anos 1950 (“Oh Freedom” cantada por Harry Belafonte) e pelos anos 1960, de “Alabama” de John Coltrane a “A Change is Gonna Come” de Sam Cooke, de “Mississippi Goddam” de Nina Simone a “I’m Black and I’m Proud” de James Brown.
No final dos 1960, com a violência no mundo, a guerra do Vietname e a morte de Luther King pouco antes, é notório que as denúncias se tornam mais explícitas, que as canções espirituais e religiosas já não chegam, que o simbolismo de se ser negro e fazer música já é curto. E aparecem canções que salgam a ferida: “Is It Because I’m Black” de Syl Johnson, “Message from a Black Man” dos Temptations, “We The People Who Are Darker then Blue” de Curtis Mayfield, “Fight the Power” dos Isley Brothers…
Acabamos a viagem no hip-hop, com canções como “Rosa Parks” dos OutKast, “Lift Your Fist” de Guru, “Hands Up” de Vince Staples, “Alright” de Kendrick Lamar, “Land of The Free” de Joey Badass e “Cops Shot the Kid” de Nas. Mas não sem rematar com duas cantigas que já se revelaram em 2020, ano em que o mundo pregou finalmente os olhos no racismo americano. Não é só música negra, é música sobre ser-se negro e sobre a dureza que isso foi e ainda é (e não devia ser). Oiça-a connosco.