Estão, verdadeiramente, mesmo ali ao lado … mas nem sempre os escutamos com a devida atenção. A ATR cavou um túnel entre Madrid e Lisboa e levou à do Disgraça Pena Máxima e Charnego, dois belos exemplares do excitante subterráneo espanhol.
Sempre dedicada a cuidar dos nossos ouvidos, e sobretudo da nossa alma, a Associação Terapêutica do Ruído voltou a fazer das suas, ou seja, das boas … e levou ao Disgraça um par de bandas underground oriundas de Espanha. Se de ventos e casamentos não percebo nada, de música, até posso perceber pouco, mas tento muito, e é crescente o número de bandas e projetos musicais de nuestros hermanos a suscitar interesse, escutas repetidas e pesquisas mais ou menos regulares nos canais das principais editoras independentes.
A noite arrancou com o Post Hardcore dos Charnego, que para a nossa sorte, chegou até nós na sua versão quinteto, aliando um saxofone barítono, rouco e agressivo à eletricidade abrasiva do formato mais clássico do rock (duas guitarras, baixo e bateria). Com um alinhamento dominado pelos temas do único longa duração da banda, Regreso al futuro (2023), houve espaço para faixas que não consegui encontrar pelos ares da net – augurando, oxalá, novidades para breve! Destaque muito positivo para a muito ritmada “Nueva movilidad urbana”!
Seguiram-se os Pena Máxima e o ritmo baixou com a redução de músicos em cima do palco. O duo composto pelos irmãos Julián e Pablo Campesino (bateria, guitarra e duas vozes) não reduziu a intensidade, no entanto, e o seu slowcore de olhos fixados nos sapatos, enfeitiçou o público que compunha a subcave do Disgraça. Com dois discos muito cativantes e frescos na bagagem – Un Camino Corto de 2023 e Crudo do fim do ano passado, a banda vai tecendo lentamente uma teia onde nos absorve a atenção enquanto liberta os nossos corpos para uma dança lenta.
Fotografias de Rui Gato



















