A dupla Ossuary e Sanctuarium levou uma enchente de fãs ao Vortex para mais uma celebração voraz e incandescente!
Depois da muito colorida salada punk da semana anterior, o Vortex ofereceu-nos esta sexta, um menu bem mais negro e pesado, com um cabrito (ou seitan, conforme as preferências) assado no forno de lenha … durante horas e a lume brando. O peso arrastado do Doom Death Metal tomou conta da sala e as labaredas dos infernos fizeram-se sentir em todos os poros do corpo. E já que falámos dos concertos da semana anterior, recuperemos também o poder da voz de Vanessa dos Swaraj Cronos, pois as vocalizações – ainda que em registos completamente distintos – voltaram a assumir o centro das atenções.
Oriundo de Barcelona, o quinteto Sanctuarium abriu a contenda. Com dois álbuns recentes e pesadíssimos na bagagem, Melted and Decomposed de 2024 e Into the Mephitic Abyss do ano anterior), os Sanctuarium trouxeram-nos um som pleno de densidade e poder, onde as vibrações fúnebres estão mais que presentes, sobretudo nas vocalizações profundas e graves de Carlos, que parecem vindas do fundo da alma colectiva da mole negra que enche a sala! O concerto dos catalães, é toda uma experiência inebriante … à tal voz mega soturna, juntam-se os estonteantes riffs das guitarras de Necrohelm e Gusi e os macabros ritmos martelados por Ferran (Baixo) e Agus (Bateria). Ficaria ali a noite toda, mas … confesso, soube pela vida pôr a cabeça fora da toca e arrefecer um pouco o sangue!
Os principais responsáveis pela enchente são os americanos Ossuary. Ainda que tenham acabado de lançar o seu primeira longa duração “a sério” – Abhorrent Worship saiu no final de maio deste ano – o trio conta já com uma década de carreira e um nome esculpido no mundo do underground metálico. Mais uma vez, é uma voz feminina que domina as atenções. Para alguns, como eu, a beleza assume as mais diversas formas, nem sempre bonitinhas e fofinhas. Aliás, quase nunca! Tal como o tom “arranhado” que sai da sua guitarra, a voz de Izzy Plunkett (I) é profunda, intensa e mais imperceptível que o logo da banda! Seria até normal concentrarmo-nos apenas na voz dela, se o ataque sónico que a acompanha não fosse tão ou mais brutal. A guitarra da vocalista e o baixo de Matt Jacobs (M), que nem dois cachorros, ensaiam um bailado constante, em que se mordem, ora se lambem … uma orquestra infernal conduzida pelas contundentes batutas de Nick Johnson … as únicas capazes de dar alguma ordem à coisa. Brutal!








































