Sete dias depois de o deitarem cá para fora, os Linda Martini mostraram a um LAV à pinha, a beleza de Passa Montanhas. A noite foi mágica e intensa e a faca que uma vez nos separou, felizmente estava cega.
Eu também me perco às vezes, … mas desta exagerei! Quis o acaso e/ou o meu carácter humano, que após o arrasador Olhos de Mongol, os Linda Martini prosseguissem a sua escalada de ouro e merda enquanto eu me perdia por outras estéticas e pelas encadeantes ruas da embirração. Sim, assumo-o sem vergonha e ainda menos orgulho. Atirem as pedras que entenderem! Serão merecidas! Quis igualmente o acaso e o cupido do Altamont, que me pusesse a combater embirrações, e que esse (bom) combate viesse a tempo de ser feito ao som do belo Passa Montanhas … e do respetivo concerto de lançamento na passada sexta.
Em entrevista à nossa Marcela, Hélio Morais referiu a dificuldade de construir um set para um concerto, mas pelo menos para este fã pródigo, a coisa dificilmente teria saído melhor: todas as faixas do disco novo, intercaladas com pérolas de cada um dos seis álbuns anteriores … uma verdadeira bebinca dos deuses!
Como seria de esperar, a sala encheu-se de fãs bem mais dignos do que eu, que acompanharam os temas novos com a devoção de quem manda calar um vizinho mais barulhento para apreciar o início atmosférico da nova “A Mão Como a Maré”, com a intimidade de quem conhece os clássicos de uma ponta à outra e grita “Buuuja” milissegundos antes da arrancada a meio de “Panteão”, com o êxtase do crowd surfing bailado ao som de “Dá-me a Tua Melhor Faca” e com a partilha do refrão de “Cem metros Sereia” enquanto o quarteto deixava o palco.
Fotografias: Rui Gato















