A sala do Mouco tem-se feito ouvir e a vitalidade musical tem sido cada vez mais interessante e consistente. Desta vez, coube aos portuenses Madmess juntamente com os norte-americanos Elder levarem o rock ao Mouco e foi tão bom, que até o mouco conseguiu ouvir bem!
Assim que a febre de verão passa e os festivais dessa época terminam, o frio vai tomando conta das cidades, ainda assim, o calor roqueiro continua a aquecer as suas salas e a alma de todos nós. Outubro foi um mês generoso de grandes concertos de rock e o dia vinte e nove desse mês foi mais uma dessas noites de guitarras ardentes que aquecem uma cidade inteira.
A jogarem em casa, literalmente, os Madmess deram início às atividades sónicas. Já me encontrei, nestas andanças, um par de vezes com este trio portuense e a cada novo concerto eles soam ainda melhor, sinto uma presença cada vez mais confiante, uma sonoridade que ganha mais coesão e poder a cada novo concerto. E não sou só eu que pensa dessa forma, porque toda a gente que fez questão de chegar a horas de os ver no Mouco pensa o mesmo, a entusiástica retribuição de amor e energia provou isso mesmo. O último trabalho da banda, o álbum The Third Coming editado em maio deste ano, foi a estrela do concerto, mas houve tempo ainda para revisitar o segundo álbum Rebirth de 2021. Uma bela forma de começar a noite e um concerto a evidenciar que os Madmess são uma das bandas portuguesas mais entusiasmantes da cena rock psicadélico da atualidade.
Há muito que os bilhetes para esta noite estavam esgotados e, claro, os verdadeiros culpados desse feito são os norte-americanos Elder, por quem toda a sala aguardava dedicadamente. Assim que sobem ao palco do Mouco, as vozes do público fazem-se ouvir, entre gritos entusiasmados e assobios calorosos, tudo é pretexto para mostrar o entusiasmo por verem uma das suas bandas preferidas. Assim que as primeiras notas de “In Procession” se fazem ouvir, o movimento headbanging começa e só parará assim que as guitarras se calarem. Durante esse período, em que o som alto e poderoso se fez ouvir, aconteceu uma autêntica devastação sonora e sónica, entre riffs daqueles à moda antiga, crus, demolidores e ao mesmo tempo melódicos, solos intermináveis, camadas sobre camadas de ambientes sonoros que nos agarram e atiram ao ar. É a banda sonora perfeita para quem viaja sentado num banco de couro duro e velho, com os braços esticados que comandam o guiador imponente de uma Harley Davidson, sobre o asfalto de um estrada sem fim, numa paisagem árida e quente norte-americana. É o cenário perfeito, tal como a atuação dos Elder. No fim, esse maldito destino, queríamos mais, muito mais, mas haverá, certamente, oportunidade para voltarmos a partilhar o mesmo espaço e viver momentos singulares como este.
Fotografias: Jorge Resende




























