A 26 de Abril, Lisboa dançou pela Terra. O coletivo ELA, referência da cultura underground e eco-ativismo, voltou a juntar a comunidade para celebrar a 8ª edição anual Earth Night, integrando o movimento global criado pelos DJs for Climate Action.
O evento tomou conta do Miradouro de Baixo e da Cave das Carpintarias de São Lázaro, num encontro que misturou consciência, festa e energia contagiante, sob a luz mágica do pôr do sol lisboeta.
Miradouro: Comunidade e Resistência com Vista para o Castelo
A programação começou às 18h com Caroline Lethô, que deu as boas-vindas com um live ambient profundo e acolhedor. A partir das 19h, a palavra ganhou espaço com uma Talk Session onde se discutiram temas centrais da luta climática e social, com representantes do Climáximo, Vida Justa, ATERRA e da Greve Climática Estudantil. Assistir a estas conversas enquanto o sol se punha junto ao Castelo de São Jorge foi um momento de rara beleza e significado.
Às 22h, Jiga Joga trouxe um live set bastante orgânico que começou a aquecer a pista, preparando terreno para Mayan, DJ residente do ELA, que encerrou o Miradouro entre as 23h e a meia-noite com um set poderoso, repleto de groove criando uma atmosfera de dança e celebração.
Na Cave: A Viagem Continuou até Madrugada
Enquanto o Miradouro se enchia de magia, a Cave já vibrava desde cedo. Gameiro abriu as hostes às 18h, seguido de Micaia e Savant Fair, aquecendo o espaço com batidas
envolventes. Às 21h, Photonz ofereceu um dos sets mais intensos da noite, com a assinatura única a que já nos habituou. O ritmo continuou com o live set de Sara Wual (co-fundadora do ELA), com as suas faixas originais e atuais, com um match perfeito aos visuais que enchiam a sala, seguido pela atuação do icónico Mathew Jonson, um dos nomes mais esperados da noite. A energia prolongou-se com Evghennia, uma energia super cativante e de seguida Mais Baixo (a dar ainda mais alma ao seu próprio sistema de som), Sym Potion em formato live, mantendo a energia elevada da noite, e Guy from 1990 (co-fundador do ELA), que fechou a pista às 4h da manhã, com um set hibrido de vinyl e digital, que prometeu ficar para a história.
Mais do que Música
Vegetarianismo, cocktails solidários cujas receitas reverteram para ações climáticas, e uma política de privacidade rigorosa (sem fotos nem vídeos) criaram um ambiente seguro, livre e profundamente ligado. O ELA, coletivo sem redes sociais nem anúncios públicos de localização ou line-up, inspira-se na tradição underground de Londres e Berlim Leste dos anos 90. Desde 2016, promove festas em locais inesperados — de armazéns abandonados a florestas —, sempre com uma abordagem verdadeira, vibrante e inclusiva. Musicalmente, atravessa o House, UK Garage, Acid, Breaks, Electro e Jungle, sem nunca perder a alma groovy e a energia underground.
A Earth Night no ELA foi muito mais do que uma festa: foi uma comunhão entre pessoas, música e valores importantes. Um manifesto vivo de que a dança, o cuidado e a resistência andam de mãos dadas. No coração de Lisboa, dançou-se — e lutou-se — bonito.
Fotografias gentilmente cedidas pela organização.














