Para mim, Dean Blunt significa uma das maiores amizades que tenho. A forma como conheci o disco Black Metal (2014) não pode sequer ser revelada sem me comprometer a mim e a outros. A par disso, foi, inicialmente, um disco que apenas ouvia no regresso a casa depois de noites longas no carro do meu xará, antes de se me entranhar como poucos discos o fizeram na minha vida e o ouvir centenas de vezes, diariamente, ao longo de meses, de dia e de noite, ao adormecer e ao acordar.
Invoco aqui Dean Blunt pois uma das coisas que mais me apaixonou nesse disco tão importante foi a hipnótica voz feminina que volta e meia aparecia, pairando, nas canções. Tantas vezes a ouvi sem nunca a procurar, até que o resolvi fazer. Assim cheguei a Joanne Robertson, esta cantora folk inglesa misteriosa e recolhida, este espírito enorme que várias vezes ouvi circundar o fantasma Dean. Escolhi “Out” por ser um dos meus temas preferidos do disco Black Moon Days (2015), cujo título e estado de espírito me levam de novo a essas viagens escuras e mágicas. Essas ternas e queridas viagens de Volkswagen Golf ao som de Dean Blunt e Joanne Robertson em tantas canções, repetidas vezes sem conta. Escolhi “Out” também como evoca(n)ção dessa amizade, para que nunca a perca. Para que haja sempre música para nos fazer viajar.