Foi você que pediu Rock Independente sem cápsulas do tempo, algoritmos e concessões?
Se me pedissem para descrever o som dos Noves Fora Nada em poucas palavras, seria obrigado a utilizar a expressão Rock Alternativo (que nos leva automaticamente para os anos noventa) cantado em português, ou para ser mais correto, carregado de portugalidade.
Independentemente das modas, e das respectivas marés, sinto que o rótulo “noventas” pode provocar mais reservas e cautelas que os autocolantes redondos que os recém encartados ostentavam nos seus carros no século passado (se não se lembram ou se ainda não tinham nascido, perguntem aos vossos pais), precisamente porque muito provavelmente o GPS guiar-vos-á até a Rua da Memória para apanhar o acesso à Autoestrada da Nostalgia. Não poderiam ficar mais perdidos e nunca chegariam ao vosso destino … ou, neste caso, aos Noves Fora Nada!
“Sim, sim … amigo … com esse nome, quem queres tu enganar?” poderão ironizar, mas continuarão perdidos. Não sei se algum membro da banda ainda se recordará dos tais autocolantes redondos, mas é tudo já gente madura. Ora, eu penso que é exatamente essa maturidade que caracteriza a sonoridade e o caráter da banda! Se seguirem as ditas indicações do vosso GPS chegarão a mais um concerto de mais uma banda tributo ou a mais um mega evento para a malta que deixou de ouvir música nova no século passado! Mais importante do que isso, não encontrarão a Bota e continuarão a perder concertos como o da passada sexta-feira.
Passados dois anos de se estrearem com o álbum Da Opulência ao Carvão, o quarteto formado por Alexandre Tavares na guitarra (Uaninauei), David Jacinto na voz (Tv Rural, Lobo Mau), David Santos no baixo (Tv Rural e mais uma miríade de bandas) e Dino Récio na bateria, continuam a burilar as malhas que farão parte do próximo disco. Destas, pudemos ouvir quatro (“A história imposta”, “À frente dos prédios”, “Tudo Fachada” e a já obrigatória “Pedes Desculpa”), a fazer acreditar que poderemos esperar mais um exercício de Rock que integra as tais influências dos noventa com um espírito de autenticidade e independência muito atual, equilibrando descargas de energia com reflexões sobre aquilo que nos rodeia.
Como canta Jacinto em “Meio entendedor”, nem tudo está na ponta dos dedos … Procurem o próximo concerto dos Noves Fora Nada e vão até lá, não se arrependerão!