A mamã tem razão, tu ouviste-a: não podes apressar o amor, só tens de esperar, o amor não vem por dá cá aquela palha, é um jogo de dar e tirar. Tu sabes isso, enfiaste isso na cabeça à martelada, repetes tudo tintim por tintim uma meia dúzia de vezes na canção. Até chafurdaste isso no título. Mas porra, estás farta de estar sozinha. Já foste daquelas pessoas que proclama, orgulhosamente, que está muito bem sozinha, que está muito feliz. Que é uma escolha, mesmo. Disseste-o até sem mentir e quando te lembras disso há uma gargalhada que te sai sem quereres.
É que agora sabes que era tudo uma patranha, que te convenceste de um disparate, que acreditaste nos patéticos benefícios da solidão só porque estavas de coração partido. Custa-te que ele não volte a derreter, que nunca mais fique aberto sem estar partido. Mas estás impotente, é melhor aceitares (ouve a tua mãe) que o pior que te poderia acontecer era mergulhares agora em voo picado em cima de um idiota qualquer, um sacana sem escrúpulos que não interessa a ninguém, um gajo tão estúpido que vai passar a vida a fingir que faz e acontece. O melhor é ouvires a Diana Ross, aquela voz de anjo miúdo, de menina que, ela sim, derrete tudo quando canta looooove loooove. Esperemos com ela, não a apressemos que ela vai bem.