Já começa a ser tradição. O final de Outubro não é só a altura do ano em que muda a hora, é principalmente época de grandes concertos do Musicbox. Foi assim nos últimos 7 anos e assim promete ser entre 23 de Outubro e 1 de Novembro. A 8ª edição do Jameson Urban Routes traz ao Cais do Sodré o melhor da nova música nacional e internacional, com nomes já consagrados e outros à espera de consagração, quase todos com discos novos. Para quem não acredita, aqui fica uma série de razões para não faltar a este festival.
O primeiro dia tem entrada livre e além de nós, fãs, vão estar presentes vários agentes da indústria internacional, numa espécie de caça ao talento nacional. Pelo palco vão desfilar os Beautify Junkyards, Sequin, Cachupa Psicadélica, Rastronaut e King Kong – na plateia está, entre outros, Bob Van Heur, fundador do festival holandês Le Guess Who (que ajudou a descobrir, por exemplo, Caribou, Wild Beasts, Beach House, The Dodos, Wavves ou Ty Segall) e Maxime de Abreu, jornalista do Les Inrockuptibles.
23 de Outubro é a noite mais aguardada. A estreia dos Future Islands em Lisboa levou a uma corrida eufórica aos bilhetes, postos à venda em Maio e esgotados em poucos dias. Essa noite conta ainda com os lusitanos Memória de Peixe e os norte-americanos Celebration.
Num ano de produção nacional de altíssimo calibre, a noite de dia 24 assinala mais um capítulo importante ao anuário, com a estreia do disco dos Keep Razors Sharp. A banda junta Afonso Rodrigues (Sean Riley and the Slowriders),Rai (The Poppers), Bráulio (ex-Capitão Fantasma) e Bibi (Pernas de Alicate), o álbum de estreia é lançado dia 20 e o concerto no Musicbox é o primeiro depois do lançamento do disco. Essa noite também tem espaço para a pop ambiental dos Glass Animals e a electrónica dos Fujiya & Miyagi, que trazem novo álbum, Artificial Sweeteners, editado em Maio.
A noite que encerra o primeiro fim de semana do Jameson Urban Routes é a mais longa do ano, em que entramos no horário de Inverno (quando forem 2h da manhã, o relógio atrasa uma hora) e temos mais 60 minutos de festa. Nesta noite, 25 de Outubro, destaque máximo para a estreia em palco de Medeiros/Lucas. Carlos Medeiros lançou em 1998 “O Cantar Na M’Incomoda”, em que reinterpretava temas mais obscuros do espólio tradicional da música dos Açores. O também açoriano Pedro Lucas criou há alguns anos o projecto O Experimentar Na M’Incomoda, em que desconstruíu esse espólio folclórico tradicional açoriano e o reiventou, com mestria, embutido em sonoridades contemporâneas e urbanas. Este ano, a experimentação levou Pedro e Carlos a juntar-se para compôr temas originais, estão prestes a lançar um disco, mas antes disso, apresentam as músicas novas ao vivo, no Musicbox. Uma vez no clube do Cais do Sodré, aproveitamos para ver Moonface, ou seja, Spencer Krug, dos Wolf Parade. A solo, Krug veste-se de Moonface e apresenta-se sozinho ao piano, para dar a conhecer o novo EP, City Wrecker. Num registo mais digital, há actuações de Tim Hecker (mestre da electrónica experimental), Voxels (dupla portuguesa que editou recentemente o disco de estreia)
O segundo fim de semana do Jameson Urban Routes arranca com o furacão barcelense The Glockenwise, uma das bandas mais interessantes do novo rock nacional, conhecidos pelos concertos estrondosos que dão e além disso, já estão a preparar novo disco, é provável (e desejável) que já toquem temas novos. Da Dinamarca chega o rock intenso dos Lower, numa noite que conta ainda com a estreia de Strand of Oaks, o projecto folk-rock de Timothy Showalter. Nota ainda para a vinda a Lisboa de Jonathan Toubin, criador das míticas festas “New York Night Train Soul Clap” e “Dance-Off”, que incluem concursos de dança.
O festival encerra no dia 1 de Novembro, com uma viagem à África profunda pelas cordas de Mû, cordas vocais (de profundidade extrema) e dos instrumentos tradicionais que ele constrói. O músico guineense já tocou várias vezes em Portugal, muitas delas na companhia de Lula Pena, agora regressa a solo, para mais uma experiência espiritual musical. A fechar o ciclo de concertos está a dupla Ishmael Butler e Tendai Maraire, ou seja, Shabazz Palaces, com o seu hip-hop experimental.
Os bilhetes diários custam 12 euros, os passes gerais estão à venda por 48 euros.