You don’t need to rush your heart
This is the time to be free
Life is a second of love
Be happy right now
É assim que Rita Redshoes abre o seu terceiro disco, e assim resume, em 23 segundos, todo o resto que aí vem. Não só pela escrita, mas pela sonora. Não só captamos a mensagem, que a vida é para viver agora e com Amor, como percebemos também que tipo de disco ela fez.
Life Is a Second of Love é, antes de mais, um disco de passagem – Rita deixou de ser menina, tornou-se Mulher. Está mais segura e confiante, na música. Mais serena, na vida.
Este novo álbum reflecte isso. Fala de Amor, mas não do amor-romance. De um amor mais geral, perante a vida e as gentes que nos rodeiam. Amor generoso, que abre o caminho à liberdade e, com sorte, à felicidade.
Musicalmente, a maturidade e segurança da Rita cantora e compositora nota-se na forma como despiu as músicas. Apesar de estarem constantemente cheias de adornos, de instrumentos e vozes, nada de sobrepõe, não há ânsias de preencher todos os espaços. Aliás, a sábia ocupação dos espaços é talvez o que melhor caracteriza este disco. Está cheio de silêncios. O balanço entre as diversas partes de cada canção é frequentemente intervalado com um silêncio, um respirar para ganhar fôlego. Sem sofreguidão.
Esta “gestão dos silêncios” também é, em grande parte, responsabilidade de Gui Amabis, músico, compositor e produtor, natural de São Paulo, escolhido por Rita para produzir este álbum. Gui Amabis tem carreira longa, em diversos ambientes, incluindo bandas sonoras. E fez deste disco precisamente isso – a banda sonora de um filme. Que filme? Uma qualquer fita, mas não de agora, de outros tempos. Audrey Hepburn faz de Rita Redshoes. O cenário vai mudando, uma cidade cosmopolita, um paraíso tropical, uma herdade no campo. O imaginário acompanha as estórias que Rita canta, com voz formosa e segura.
Life Is a Second of Love é um disco mais denso, mais intenso que os anteriores. Não está cheio de singles orelhudos para assobiar, é antes feito de canções voluptuosas, com grande orquestração e beleza clássica. E não é feito para ouvir em partes, é para ouvir como um todo, da primeira à última canção. No final, fica uma serenidade, uma paz, e agradecemos a Rita ter escolhido este caminho.
(Para ver ao vivo dia 15 de Maio no Lux, em Lisboa, 16 de Maio no Hard Club, no Porto)
Muito bem!