Foi com um enorme sorriso na cara, de blazer e calças encarnadas, t-shirt e ténis brancos, que o norte-americano John Legend subiu pela primeira vez a um palco Português. O Estádio Municipal de Oeiras, ao abrigo da 10ª edição do EDP Cool Jazz Fest, estava concorrido e Legend entrou a abrir, um pouco em piloto automático.
“Used to Love You”, “Made to Love”, “Tonight (Best You Ever Had)” e “Who Did That to You” (da banda sonora de “Django Libertado”) foram os primeiros temas que recebemos. E que temas! Parecia uma jogada de mestre, na qual o artista da soul, lançadíssimo, conquistava os presentes, atirando para a mesa todos os trunfos que tinha e de seguida. Enquanto John Legend cantava e dançava, eram pedidas palmas para acompanhar, o público correspondia e vibrava de pé, sem conseguir respirar entre cada música.
Mas enganem-se os que por momentos pensaram “E agora? Como é que ele se vai aguentar até ao fim do jogo?”. Foi quando se sentou pela primeira vez ao piano – e sempre que isso aconteceu – que nos apercebemos que ainda havia muita carta escondida na manga daquele blazer vermelho. Nestas alturas em que magia acontecia em palco, confirmámos que John Legend é realmente um cantautor de se lhe tirar o chapéu e constatámos a razão de ser de todos os Grammys já recebidos.
E para além de nos ter brindado com outros hits pelo meio, como “Everybody Knows” e “Save Room”, contámos ainda com algumas covers, já habitués dos seus concertos. A primeira foi “Dancing in the Dark” de Bruce Springsteen, versão mais calma; mais a frente, “Light My Fire” dos The Doors, versão mais sexy; “I Want You (She’s So Heavy)” dos The Beatles, versão enriquecida a sentir-se a soul e o R&B profundos; “Bridge Over Troubled Water” de Simon & Garfunkel, numa interpretação livre ao piano, que o público, atento, recebeu sentado.
O lado mais fofinho e ao mesmo tempo atrevido de John Legend revelou-se antes de começar “Slow Dance”, quando olhou para as primeiras filas do público, cheio de carinhas larocas, e começou a queixar-se… “quero muito dançar esta música, mas não me apetece dançar sozinho”, provocava! Apenas uma teve direito um pézinho de dança com o cantor em cima do palco. Uma verdadeira slow dance. A pequena recebeu em mãos uma rosa vermelha de recordação, imagem de marca do seu novo longa-duração Love in the Future. Foi a carta para apresentar mais dois temas deste promissor álbum, co-produzido por Kanye West e que sai em Setembro deste ano. Com “All Of Me” e “Who Do We Think We Are”, percebemos que este homem da soul vai continuar a inspirar o R&B.
No encore e ao som de “Ordinary People” celebrou a primeira vez em Portugal e disse esperar por mais convites para voltar. Atendam, por favor, ao pedido do senhor!
PS: O músico não nos autorizou a captação de fotografias do concerto. As fotos foram gentilmente cedidas por Fernando Mendes.