
Depois dos concertos de Charlie Wilson e de Jill Scott, o EDP Cool Jazz 2016 trouxe Frances a Oeiras, ao espaço costumeiro dos Jardins do Marquês, cada vez mais bonito depois de algumas alterações havidas no seu interior, e cada vez mais agradável para quem quiser ir comer e beber alguma coisa antes do toque inicial dos concertos que por lá acontecem. A organização do evento está de parabéns, não apenas pelos nomes do cartaz deste ano, mas também pelas novas facilidades que podem agora dar à imprensa escrita e aos fotógrafos em trabalho. A sala que lhes está destinada é muito bem vinda, o que demonstra o respeito e o cuidado cada vez maiores que os promotores do evento vão tendo para com os profissionais em funções.
Vamos então ao que nos levou a estar na segunda noite do evento. O nome era, uma vez mais, estreante em terras lusas. Frances tem vindo a espevitar o interesse de muita gente, daí a boa quantidade de público presente. O motor de toda esta atenção e curiosidade à volta da artista inglesa gira muito em torno de “Let It Out”, “Don’t Worry About Me” e “Grow”, três canções bem encorpadas, fáceis de ficar nos ouvidos de milhares de pessoas de todo o mundo. Foi também o que aconteceu por cá, pelo que a esmagadora maioria dos presentes era por elas que ansiava, obviamente.
Frances é ainda muito menina nestas andanças, tanto em concertos como em termos discográficos. Tem, por agora, apenas dois eps, lançados digitalmente e em formato vinil de 10 polegadas. Para breve, lá para o início do outono, chegará o primeiro álbum da compositora nascida em Oxford. Pouco material, portanto, para um concerto a solo? Sim, é verdade. Durou apenas uma hora, já com o encore da praxe.
O espetáculo começou com Frances ao piano. Entrou, sentou-se à frente do seu instrumento, disse “olá”, sorriu e começou a cantar “Borrowed Time”, seguindo com “When It Comes To Us”, fazendo depois referencia à sua “first band”, quando os três músicos que a acompanham entraram em palco. Estava tão satisfeita, que até se esqueceu de os apresentar durante todo o espetáculo. Falha de principiante, certamente. O concerto foi seguindo num tom morno, que é o das suas canções e da sua forma de estar. A cada música, algumas palavras de permeio e pouco mais. Tocou canções do seu novo disco já totalmente gravado e ainda em fase de produção, como a romântica “Cloud 9” e cantou igualmente “Say It Again”, que compôs com Greg Kurstin, o músico que fez com Adele a canção “Hello”. Suspeito que vai ser hit…
No intervalo das canções, Frances confessou que até há duas semanas não fazia a mínima ideia de que a canção “Grow” era muito conhecida e apreciada pelo público português, e lá foi avançando com “Love Me Again”, outro tema do novo e primeiro álbum da artista. É mais uma música para corações aflitos e despedaçados…
Como se previa, o concerto foi curto. Ao fim de 45 minutos, Frances retirava-se de palco para a ele regressar em menos de 60 segundos. Depois permaneceu por mais um quarto de hora, começando por fazer uma cover de “What Do You Mean?”, de Justin Bieber, imagine-se. Passado o susto, foi dizendo, a propósito do vento que se fazia sentir, embora menos do que na noite anterior, que o seu cabelo “is having the time of his life”, avançando para o final esperado, “Grow”. É, de facto, uma bela canção e Frances interpretou-a de forma extraordinariamente sentida. O momento alto do concerto coincidia com o seu final.
O público foi saindo sem grande exaltação. Foi o que me pareceu, e foi também aquilo que eu próprio senti.
- fotografias da ETIC gentilmente cedidas pela organização do EDP CoolJazz Fest