Acabados de sair do ano mais bizarro das nossas vidas, impõe-se uma retrospectiva musical. Especialmente este ano, em que a música ocupou um lugar primordial na nossa sobrevivência. Nos momentos mais sombrios do confinamento, nos passeios higiénicos desesperados, nas corridas libertadoras, a música passou a estar sempre pronta a socorrer-nos e a salvar-nos das tenazes invisíveis da desgraça.
Se antes já não fazíamos quase nada sem música, em 2020 pouco mais fizemos a não ser ouvir música. À medida que as restrições iam aumentando, os streamings disparavam. Música na cozinha para fazer o jantar; na hora do banho, lá ía a coluna atrás; séries de televisão com canções inolvidáveis, toca de ir ao Spotify rebuscar as canções da nossa juventude. E foi assim, sobre o ombro amigo das melodias, que atravessámos o exílio. O purgatório. Deixo-vos com uma súmula do que foi a minha possível “salvação” deste ano de merda.