O segundo dia do EDP Cool Jazz 2019 apresentou três concertos: Maro, Best Youth e Jessie J fizeram as honras da casa numa noite francamente pop.
Depois de alguns problemas técnicos que inviabilizaram um dos concertos do primeiro dia do EDP Cool Jazz 2019, era altura de virar a página e de entender que azares não acontecem todos os dias. O Festival tem um longo e muito positivo histórico, por isso há que minimizar os danos e salientar os ganhos.
No segundo dia do EDP Cool Jazz, alterou-se um pouco o estilo e a substância. Ontem, para além da noite quente a prometer, finalmente, um tempo de acordo com o calendário, os sons que se ouviram estiveram mais próximos da pop dita mainstream (temos sempre algumas reservas quando utilizamos este termo, mas enfim…), e por isso o público era já diferente. Mais jovem, pois claro. A cabeça de cartaz também o é. Tudo certo, portanto.
Consta que Jessie J terá pedido que Maro cantasse no mesmo dia que ela. Verdade ou não, o certo é que a jovem portuguesa chegou ao cartaz do Festival já muito tardiamente, e no dia da cantora britânica. Assim, ao invés do que é comum, no palco principal atuaram três artistas. Maro foi a primeira. Aquela que já foi vista como um “fenómeno da internet”, tem agora um estatuto diferente. Sozinha no imenso palco do Festival, apenas com o violão e a sua voz aveludada, Maro começou por cantar “Deixa”, bonito tema original. Confessou, depois, que adoraria poder viver em Portugal, mas que isso não é possível. Ao que parece, também na música se é obrigado a deixar para trás o sítio onde se nasceu. Por isso, talvez seja natural que o seu repertório tenha uma boa dose de canções em inglês. Elas foram surgindo, uma a uma, na boa linguagem musical do talento que indiscutivelmente tem. Cantou temas alheios, como “Trevo (Tu)”, da dupla brasileira Anavitória. Terminou com “Paixão”, a mítica canção de Rui Veloso. Bonito concerto, intimista e honesto. Voz e guitarra obrigam quase sempre a isso.
Ed Rocha e Catarina Salinas são os Best Youth, banda da cidade invicta. Ao EDP Cool Jazz trouxeram o seu indie-dream pop, ao mesmo tempo soturno e luminoso, com batidas fortes e dançantes. No entanto, o concerto não arrancou da toada morna inicial. O tempo ia avançando e aproximava-se o que todos os presentes no Hipódromo Manuel Possolo queriam verdadeiramente ouvir. Talvez por isso se fosse notando mais conversa entre o público do que atenção genuína em relação ao que a banda portuense ia fazendo em palco. Com algumas canções do primeiro álbum, outras mais recentes, os Best Youth foram dando tudo o que podiam, mas é sempre ingrato ser-se “segundo”, quando a pequena multidão de gente à frente do palco quer ver e ouvir outra coisa. Só com o “velhinho” “Wicked Game”, conhecido hit de Chris Isaak, a atenção dos presentes foi um bocadinho maior. Enfim, coisas que acontecem…
À hora certa, Jessie J subiu ao palco e alguma gritaria fez-se ouvir bem alto. Com coreografia do público a preceito (braços no ar para a esquerda e para a direita, o costume) o concerto começou em tom mais brando e mais soul, passando rapidamente para uma maior descarga de energia. A pop continua a encantar a gente mais nova. Tudo está certo no tempo certo. Ontem, a noite era para eles e eles fizeram a festa. Em grande, diga-se. Houve momentos de autêntica Jessiemania, com direito a alguma histeria juvenil e tudo. Enfim, “Nobody’s Perfect”.
Jessie J mostrou-se sempre muito (muito mesmo, acreditem) bem disposta e conversadora. Falou da sua vida e deixou conselhos para os “young queens and kings” presentes. Houve momentos festivos e outros de alguma introspeção e acalmia. Algumas lágrimas também. Houve os hits que não poderiam faltar, mas também canções que só os fãs mais dedicados conhecerão. Houve ainda, e acima de tudo, um concerto bem disposto e pop até à medula. A meio do concerto, aconteceu um “Inglaterra – Portugal”. Deu empate. Jessie J e Fernando Daniel (vencedor de um The Voice Portugal) cantaram “Flashlight”. Foi uma pequena loucura.
O segundo dia do EDP Cool Jazz foi, como se leu, bastante teen casual. Para a semana, o Festival continua, embora numa onda menos pop. Mas é mesmo assim, o EDP Cool Jazz: um vasto espaço de diversidade musical. Até para a semana, então.
Fotografias cedidas pela organização