Tigran Hamasyan é um dos mais aclamados pianistas da actualidade. Para mim, não pela maturidade da sua música, mas porque esta se cria a partir da liberdade da juventude. Aos 26 anos, entregou o que há de clássico ao futuro e assumiu-se como um pianista contemporâneo que se aventura mais do que os outros. A sua versatilidade não se exibe apenas nas notas, mas nas suas capacidades e na sua capacidade de as juntar. Piano, teclado, sintetizadores, beatbox, voz e assobios fazem todos parte do espetáculo a solo do arménio Tigran Hamasyan.
No palco do Centro Cultural de Belém, Tigran apresentou mais improvisos e experiências do que temas do «Fable» e do mais recente «Shadow Theatre». Contudo, o que interessava ali era a viagem que se fazia, não pelos comuns sentimentos, mas sim pelas sensações. Da ataraxia à ansiedade, o corpo respondia à amplitude de notas, à agressividade dos graves e à precisão da descoordenação propositada. Tigran, por si, representava diferentes personagens. Ora encarnava um carinhoso teclista, ora um ríspido pianista com epilepsia, ora um multi-instrumentista com excesso de cafeína. Tudo ali era inesperado. Quem esperaria ir a um concerto de piano e voltar com uma experiência única de fusão musical e cultural?
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(Fotos: Francisco Fidalgo)