A vanguarda nova iorquina de Warhol e dos Velvet exerceram uma profunda influência em Bowie e no seu glam rock. Para honrar o seu mentor, Bowie não descansou enquanto não produziu um disco de Lou Reed. O resultado foi o icónico Transformer, de ’72, sem dúvida a obra-prima de Reed a solo. “Perfect Day” é uma das suas pérolas absolutas. A canção vive de um jogo permanente de contrastes entre o conteúdo e a forma. O narrador vai falando de coisas boas, um dia perfeito com a namorada no Central Park, mas a voz é desde o início triste e dolente, denunciando toda a dor e fragilidade do protagonista. Até que ele acaba por confessar: “You made me forget myself/I thought I was someone else, someone good”. Temos assim a confirmação de que o protagonista é alguém com o seu amor-próprio devastado, muito perto da loucura ou do suicídio, tentando desesperadamente encontrar uma salvação nos braços da mulher que ama. Conseguirá?
Canção do Dia: Lou Reed – Perfect Day
Ricardo Romano
"Um bom disco justifica sempre os meios”- defendeu-se Ricardo Romano, ao ser acusado de ter vendido o rim esquerdo da sua tia entrevada para comprar uma edição rara do Led Zeppelin II - o melhor disco de sempre. O juiz não se convenceu, mandando-o para uma prisão com condições desumanas, onde uma vez foi obrigado a ouvir do princípio ao fim um disco dos Creed. Actualmente em liberdade, cumpre pena de trabalho a favor da comunidade no site Altamont mas a proximidade com boas colecções de discos não augura nada de bom.
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Canção do Dia: David Bowie - Neuköln
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